São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
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MANÍACO
Ele já foi condenado a 121 anos e ainda será julgado pelas mortes das vítimas
Motoboy pode pegar 277 anos

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

Condenado a 121 anos de prisão por atacar nove mulheres em São Paulo, o Maníaco do Parque, como ficou conhecido o motoboy Francisco de Assis Pereira, pode pegar mais 150 anos de pena por causa de sete assassinatos.
Anteontem, o juiz Luiz Augusto de Siqueira, da 16ª Vara Criminal da capital, julgou o motoboy culpado no processo que reúne todas as vítimas que sobreviveram aos abusos sexuais na mata do Parque do Estado (zona sudeste).
Pereira ainda aguarda a data dos sete julgamentos que irá enfrentar, talvez a partir do final deste ano, pela morte das garotas encontradas no mesmo local. Segundo a lei, os homicídios são julgados por um júri popular.
O motoboy ganhou o apelido porque atraía as vítimas, com falsas promessas de emprego, até o Parque do Estado, onde elas eram violentadas e, algumas, assassinadas, informou o promotor do caso, Luis Roberto Proença.
A pena total pode chegar a 277 anos, se incluída a primeira condenação de seis anos do maníaco, por crime de extorsão, em Cotia (Grande São Paulo). Ele teria pedido dinheiro, por telefone, para a família da balconista Selma Ferreira de Queiroz, 18, uma das suas primeiras vítimas.
A advogada Maria Elisa Munhol, que defende Pereira, vai recorrer das duas primeiras condenações. ""Todo o tempo, ele disse que as mulheres que entraram na mata com ele não saíram, portanto estão imputando a ele crimes que não cometeu", afirmou.
Apesar da condenação elevada, Pereira ficará preso no máximo 30 anos, conforme define a legislação brasileira. Nesse caso, a pena alta impõe que ele cumpra a pena em regime fechado.
""Ficaria aliviada se ele ficasse o resto da vida preso, porque, daqui a 30 anos, ela vai voltar a pegar mulheres", disse Maria de Lourdes Queiroz, 46, mãe de Selma, uma das vítimas.
O primeiro julgamento será o da morte de Selma, que desencadeou toda a investigação sobre os assassinatos em série no parque.
Selma desapareceu no dia 3 de julho do ano passado e seu corpo foi encontrado no dia seguinte.
Nesse caso, as provas da promotoria contra Pereira são: a confissão do réu, o RG da vítima (encontrado no cano de esgoto da empresa onde o motoboy trabalhava), a compatibilidade das marcas de mordidas no corpo de Selma com a arcada dentária de Pereira e o laudo que atesta morte da vítima por estrangulamento.
O motoboy, caso cumpra a pena integral, sairá da prisão com 61 anos de idade.


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