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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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Corporativismo é maior dentro da Polícia Civil

DA REPORTAGEM LOCAL

"A Polícia Civil de São Paulo é mais corporativa do que a Polícia Militar", diz a socióloga Julita Lemgruber, 58, diretora do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), da Universidade Cândido Mendes, do Rio.
No livro "Quem Vigia os Vigias?", recém-lançado com outros dois autores, a pesquisadora compara as providências tomadas pelas corregedorias das duas polícias, em cinco Estados, a partir de denúncias recebidas das Ouvidorias.
Na Polícia Militar de São Paulo, de todas as denúncias encaminhadas no período de 98 a 2001, 46% geraram algum tipo de punição aos envolvidos. Na Polícia Civil, isso ocorreu em apenas 8% dos casos encaminhados.
A socióloga, que já foi da Ouvidoria das Polícias do Rio, defende a criação de uma carreira própria de corregedores, dentro da própria polícia, para aumentar a independência do órgão e reduzir o corporativismo. "Hoje os policiais estão na corregedoria, mas amanhã poderão estar na rua, ao lado dos que investigaram", diz.
Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva, 57, as corregedorias deveriam estar fazendo trabalhos de inteligência, vigiando, por exemplo, policiais que ostentam riqueza incompatível com a função.
"Não se pode admitir que um chefe esteja desatento em relação a policiais envolvidos com corrupção, porque eles emitem sinais, mudam de comportamento e ostentam riqueza", diz Silva, que é coronel reformado da PM paulista. Para ele, o controle da corrupção precisa ir além da corregedoria e envolver toda a corporação.



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