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Médicos alertam para risco de catchup em bisnagas de plástico
Tubos são vulneráveis à contaminação pelo manuseio e por concentrar resíduos de temperos que favorecem bactérias
Legislação em SP não proíbe uso de recipiente em bares e restaurantes, ao contrário de outros lugares no país que só permitem sachês
RAFAEL TARGINO
RICARDO VIEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem for a uma lanchonete
em São Paulo e utilizar catchup
e maionese acondicionados em
bisnagas de plástico corre um
sério risco de ter problemas de
saúde. Médicos ouvidos pela
Folha alertam que o uso desses
tubos -principalmente se estiverem sujos- podem causar
desde um mal-estar a uma infecção intestinal.
Ao contrário de outros locais
no país, a legislação da cidade
não proíbe o uso das bisnagas
nos bares e restaurantes da cidade. Em Brasília, em Blumenau (SC) e em Votuporanga
(SP), por exemplo, os bares só
podem oferecer sachês aos
clientes. Em São Paulo, a troca
é facultativa.
Para o gastroenterologista
Marcelo Ribeiro, do hospital
São Luiz, um dos riscos dessas
embalagens está no exterior da
bisnaga. Segundo ele, como várias pessoas manuseiam o objeto, a região se torna bastante
vulnerável à contaminação.
"Você não sabe se, por exemplo, a pessoa que está ao seu lado na lanchonete foi ao banheiro, não lavou a mão e pegou na
bisnaga", afirma.
Outro problema está na ponta do bico do tubo -local onde
se concentram resíduos dos
temperos. "Ali é um meio de
cultura, com concentração de
carboidratos, açúcares e outros
corantes. Bactérias podem ficar
ali e causar uma infecção alimentar", diz.
O gastroenterologista Ricardo Barbutti chama atenção
também para a forma em que
esses alimentos são acondicionados. Segundo ele, o produto
deve ser mantido refrigerado e
o consumidor deve exigir isso.
"Agora com o verão, a chance
de haver contaminação aumenta", afirma.
Hábito
O casal de namorados Rodrigo Nogueira, 23, e Gabrieli dos
Santos, 20, comem todos os
dias fora de casa. Os dois não
têm o hábito de usar a bisnaga:
ele, porque não gosta de catchup e maionese; ela, por achar
"anti-higiênico". "Todo mundo
põe a mão. Tem gente que passa o dedo", diz, segurando a bisnaga e simulando limpar a ponta com o dedo, enquanto faz cara de reprovação.
Os amigos José Barbosa Filho, 30, e Raphael Vinícius, 24,
são de Roseira, (a 160 km de São
Paulo), e, quando vêm à capital,
almoçam em lanchonetes.
Vinícius, que já teve uma infecção alimentar, tenta evitar o
consumo de catchup e maionese em bisnaga. "Todo mundo
põe a mão naquilo", justifica.
Segundo a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), a decisão sobre a proibição
ou não da bisnaga é exclusiva
dos Estados e municípios. De
acordo com a Coordenação de
Vigilância em Saúde da cidade
de São Paulo (Covisa), não existe projeto nesse sentido.
De acordo com Barbutti, o
sachê é mais seguro porque é de
uso único e já vem da fábrica fechado -só entra em contato
com o oxigênio na hora em que
é aberto, ao contrário dos temperos que são colocados nas
bisnagas. Nesse caso, os condimentos são geralmente comprados em grande quantidade e
distribuídos entre as bisnagas.
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