São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2000


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Para moradores, condição de alojamento é igual à do morro

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Trocando seis por meia dúzia. Era dessa forma que estavam se sentindo os moradores da favela do morro da Lua que foram transferidos ontem do local para barracas de lona montadas pela prefeitura em um campo de futebol que alaga quando chove, no Jardim Mitsutani (zona sul da cidade de São Paulo).
Foi na favela, localizada no bairro do Campo Limpo, que morreram 12 pessoas após o deslizamento de uma encosta, na tarde da última segunda-feira.
"Tirar da lama para colocar na lama não faz diferença. Melhor é ficar e morrer aqui mesmo", disse o pedreiro Leônidas Rodrigues da Silva, 46, que não queria deixar o local para ir para o campo, onde funciona uma escolinha de futebol da prefeitura, cujos treinos estão suspensos temporariamente.
No campo, os desabrigados tiveram que levar mudança e filhos para uma barraca de lona de 5 metros de comprimento por 4 metros de largura. No local, foram instalados dez banheiros químicos, sem chuveiros. Colchões eram jogados sobre a terra porque o chão não era forrado.
A previsão da Administração Regional do Campo Limpo é que até os próximos dias, cerca de 30 famílias sejam transferidas para o campo de futebol.
Os moradores do bairro, que não foram avisados da transferência dos desabrigados, afirmavam que o campo já havia recebido desabrigados no ano passado e que, após alguns dias, os moradores, sem ajuda, iriam pedir comida nas casas vizinhas.
O cemitério São Luís (zona sul), onde 11 vítimas do soterramento foram enterradas ontem, também está em péssimo estado de conservação. Parentes e amigos dos mortos tiveram que desviar do mato alto e da lama acumulada devido à chuva.


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