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Para moradores, condição de alojamento é igual à do morro
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Trocando seis por meia dúzia.
Era dessa forma que estavam se
sentindo os moradores da favela
do morro da Lua que foram
transferidos ontem do local para
barracas de lona montadas pela
prefeitura em um campo de futebol que alaga quando chove, no
Jardim Mitsutani (zona sul da cidade de São Paulo).
Foi na favela, localizada no bairro do Campo Limpo, que morreram 12 pessoas após o deslizamento de uma encosta, na tarde
da última segunda-feira.
"Tirar da lama para colocar na
lama não faz diferença. Melhor é
ficar e morrer aqui mesmo", disse
o pedreiro Leônidas Rodrigues da
Silva, 46, que não queria deixar o
local para ir para o campo, onde
funciona uma escolinha de futebol da prefeitura, cujos treinos estão suspensos temporariamente.
No campo, os desabrigados tiveram que levar mudança e filhos
para uma barraca de lona de 5
metros de comprimento por 4
metros de largura. No local, foram instalados dez banheiros químicos, sem chuveiros. Colchões
eram jogados sobre a terra porque o chão não era forrado.
A previsão da Administração
Regional do Campo Limpo é que
até os próximos dias, cerca de 30
famílias sejam transferidas para o
campo de futebol.
Os moradores do bairro, que
não foram avisados da transferência dos desabrigados, afirmavam que o campo já havia recebido desabrigados no ano passado e
que, após alguns dias, os moradores, sem ajuda, iriam pedir comida nas casas vizinhas.
O cemitério São Luís (zona sul),
onde 11 vítimas do soterramento
foram enterradas ontem, também
está em péssimo estado de conservação. Parentes e amigos dos
mortos tiveram que desviar do
mato alto e da lama acumulada
devido à chuva.
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