São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2000


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VIOLÊNCIA
Mãe do garoto afirma que o irmão, autor do disparo, brincava com a arma no momento do acidente
Bebê é baleado pelo tio e morre no Rio

FERNANDA PONTES
da Sucursal do Rio

Um bebê de um ano e oito meses morreu baleado pelo tio dentro de sua casa, em Nilópolis (município da Baixada Fluminense).
Dênis Tavares da Silva, 22, fugiu após o crime. A família acredita que foi um acidente, mas a polícia suspeita que Dênis estava sob o efeito de drogas, apesar de não ter conseguido realizar nenhum tipo de exame para comprovar tal fato.
O caso aconteceu às 21h de anteontem na presença da mãe do bebê, Erica Tavares da Silva, 17. Ela disse à polícia que o irmão (Dênis) brincava de "roleta russa" com uma arma apontada para seu filho único, Erick, enquanto assistia televisão. Também estava na sala o filho de Dênis, cujo nome não foi fornecido pela polícia e que teria dois anos.
Erica teria pedido ao irmão que parasse de mexer com a arma, um revólver, de calibre ignorado. "Ele não brinca assim com o filho dele", disse em seu depoimento à polícia.

Tiro no rosto
Instantes depois, o revólver teria disparado no rosto de Erick, que morreu na hora. Assustado, Dênis fugiu com a arma pelos fundos da casa, pulando a janela.
Ainda de acordo com o depoimento de Erica, a arma do crime pertencia a seu pai, Jorge Tavares Silva, 54. Ele teria adquirido o revólver em uma troca com um amigo, chamado Paulo, dois meses antes.
Jorge esteve ontem na 57ª Delegacia de Polícia (Nilópolis) e negou que a arma fosse dele. Ele disse que Dênis apareceu com o revólver dias antes do crime. "Eu falei para ele que não gostava de armas, que era perigoso."
Para ele, a tragédia familiar mostrou que o desarmamento é necessário. "Aconselho a todas as pessoas que possuem armas a entregá-las à polícia", disse.
O pai também negou que o filho estivesse drogado quando atirou. Segundo ele, Dênis trabalhava como mecânico e tinha acabado de chegar da oficina. "Foi um acidente", afirmou.

Sem validade
Para ele, o depoimento da filha não teve validade. "A Erica estava nervosa e não podia depor sozinha, ela é menor", disse.
Ontem, Erica passou o dia em casa tomando tranquilizantes. A irmã Rosângela Tavares, 35, disse que Erica estava preocupada com o irmão. "Ela sabe que não foi de propósito", disse.
Ao ser questionada sobre a "roleta russa", Rosângela disse que a irmã nem sabe o que é isso. "Ela ainda é uma menina."
Segundo Rosângela, Dênis era um rapaz calmo e jamais mataria alguém. Ela disse que o irmão sustentava o filho sozinho e adorava crianças.



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