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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003

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PF diz que planeja agir no feriado

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal planejou o início da repressão à prostituição infanto-juvenil em Copacabana só para a noite de sexta porque haveria mais turistas e cresceriam as chances de sucesso.
É o que diz o delegado Valdinho Jacinto Caetano, coordenador de Ordem Política e Social da PF e responsável nacional pela Operação 12 de Outubro - 2. Até a conclusão desta edição não havia balanço da operação.
O delegado aponta dificuldades técnicas no trabalho. As menores são vítimas, não criminosas. Prender em flagrante clientes e agenciadores costuma ser difícil.
Exemplifica: um maior de idade não pode ser preso por estar com uma jovem menor de 18 anos numa mesa de bar. ""Agir assim poderia configurar abuso de poder."
A participação da PF no pool formado no Rio para combater o narcotráfico no Carnaval pode enfraquecer o contingente na campanha antiprostituição.
O delegado estadual Cláudio Ascoli, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente há um mês, diz que a essência da investigação é descobrir quem são os agenciadores de menores. Em Copacabana, Ascoli estabelece como alvo relevante o ""disque-sexo", serviço de contratação por telefone.
Outra necessidade da política contra a prostituição infanto-juvenil é o apoio social depois do recolhimento dos menores, afirma. A reincidência é grande. Os números confirmam: houve meninas detidas até cinco vezes.
O secretário-executivo da Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), Lauro Monteiro Filho, divulgou anteontem o novo balanço do disque-denúncia nacional (0800-99-0500) contra abuso e exploração sexual de menores, mantido desde 1997.
O Rio é a cidade com mais denúncias, seguido de Fortaleza. Lauro Filho contextualiza a exploração sexual como fenômeno de ""um país de grandes desigualdades sociais".
A coordenadora da Rede Brasileira de Profissionais do Sexo, Gabriela Leite, condena a exploração de crianças e adolescentes e também a nova campanha do governo. Ela afirma que, ao buscar as menores, a polícia prende também as prostitutas. ""Há muito tempo não queremos menores na área." Prostituir-se não é crime, para maiores de idade. Explorar a prostituição, sim.
Informado sobre a reportagem desde o fim da manhã de sexta-feira, o Ministério da Justiça não se pronunciou. (MM)


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