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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003

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CAOS NO RIO

Operação Guanabara conta com 39 mil homens do Exército, das polícias Militar e Civil e da Guarda Metropolitana

Exército ocupa 25 pontos estratégicos

DA SUCURSAL DO RIO

No dia do aniversário do Rio de Janeiro, que completou ontem 438 anos, a cidade acordou com soldados das Forças Armadas e policiais militares posicionados em 25 pontos considerados estratégicos para tentar garantir a segurança no Carnaval.
A operação acontece após uma onda de violência que atingiu a cidade por cinco dias, com um saldo de três mortes, 48 veículos incendiados e seis bombas caseiras lançadas por traficantes.
As principais avenidas, túneis e bairros da cidade foram vigiados por militares e PMs, em grupos de três a seis soldados.
Tanques, carros blindados e caminhões foram usados na operação. A governadora Rosinha Matheus (PSB) afirmou ontem que 39 mil homens, entre Exército, Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Municipal, estão atuando nas ruas.
No centro, o efetivo da Marinha circulou com um carro, um jipe e três caminhões. Um contingente de cerca de 50 homens fez o policiamento de praças e ruas daquela região. O objetivo era proteger milhares de pessoas que chegavam e saíam da rodoviária.
Os militares também se concentraram na Linha Amarela, que liga as zonas norte e oeste, onde, pela manhã, havia dois tanques, e na avenida Brasil, principal via de acesso ao Rio, locais em que ataques de traficantes se tornaram frequentes nos últimos dias.
Os bairros da zona norte, principalmente a Tijuca, e a Linha Vermelha, que dá acesso ao Rio, também receberam reforço das Forças Armadas.
A população apoiou a iniciativa. O frentista Rodrigo Oliveira, 22, que trabalha num posto próximo à Linha Amarela, disse que não se sente seguro somente com a PM por perto. "O criminoso não respeita mais a polícia, por isso acho importante que o Exército continue nas ruas depois do Carnaval."
O policiamento reforçado aconteceu no dia seguinte a uma madrugada de pânico. Anteontem, um tenente da Marinha foi morto em frente à família na avenida Brasil, mesmo local onde, momentos depois, um ônibus interestadual foi atacado por traficantes. Passageiros tiveram de se jogar no chão para fugir dos tiros.
Mesmo com o policiamento reforçado, um policial civil foi baleado durante uma tentativa de assalto no início da madrugada de ontem na avenida Brasil. Segundo a polícia, Washington Luiz Bastos voltava para casa, por volta das 2h, quando seu carro enguiçou.
Bastos, que estava à paisana e acompanhado de um amigo, saiu do carro para procurar ajuda e foi abordado por quatro assaltantes. O policial teria reagido, sacando a arma, e acabou baleado nas costas. Os homens fugiram. Bastos deve ser liberado hoje do hospital.
Apesar do episódio, o Comando Militar do Leste divulgou nota às 11h de ontem informando que não havia registrado nenhum grande incidente nas primeiras horas de operação.
Um soldado da Aeronáutica deu entrada ontem à tarde no Hospital Central da Aeronáutica ferido por estilhaços provocados por um tiro acidental perto de seu pé. O hospital não quis informar se ele se feriu durante a Operação Guanabara. Um taxista que se identificou como Marco Antônio de Souza disse à Folha ter testemunhado o militar dar o tiro sem querer.



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