São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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DESABAMENTO 3
Vítimas têm apoio do prefeito do Rio para viagem a Brasília, onde encontram o senador, na quarta
Moradores pedem cassação de Naya a ACM

do Enviado Especial ao Rio

e da Sucursal do Rio Uma comissão formada por oito moradores do edifício Palace 2 irá até Brasília para pedir a cassação do deputado federal Sérgio Naya (PPB-MG). Os moradores pretendem fazer o pedido quarta-feira, em uma audiência que está sendo agendada com o presidente do Congresso, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ontem, os moradores se reuniram com o prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), que prometeu apoio para a ida da comissão a Brasília e para conseguirem um financiamento junto à Caixa Econômica Federal, que seria usado na compra de novos imóveis.
O grupo também pretende se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, para o qual pretende pedir agilidade na tramitação do processo indenizatório.
Os moradores distribuíram uma declaração, cuja primeira assinatura é de Bárbara de Alencar Martins, mãe da menina Luíza, 12, e ex-mulher do médico Milton Martins, mortos no desabamento, na qual pedem que se faça Justiça.
"Não podemos admitir, como brasileiros, termos por mais um dia sequer a tenebrosa imagem do delinquente Sérgio Naya como nosso representante perante a sagrada casa do povo, o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, ou perante qualquer entidade pública representativa dos nossos direitos de cidadãos honestos", diz a declaração dos moradores. O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), responsável pelo inquérito que apura o desabamento, quer ter informações suficientes para qualificar o caso como homicídio com dolo eventual.
"Acho pouco homicídio culposo (cuja pena máxima é de três anos), pois os responsáveis, se condenados, caso primários, não irão sequer para a cadeia", disse.
Comprovado o dolo eventual, os envolvidos poderiam ser condenados por homicídio doloso, pois teriam assumido risco presumido ao permitir a utilização do prédio sabendo de suas más condições.
Nunes Pinto reafirmou que pretende concluir o inquérito até o final da semana. Para concluir o trabalho, falta laudo sobre o que aconteceu com o pilar que ruiu .
Segundo o delegado, pelos depoimentos dos moradores há indícios de erros na construção.
Anteontem à tarde, em meio aos escombros, foi encontrada e encaminhada para perícia parte de uma viga na qual estava incrustada uma concha, indício de utilização de areia de praia na obra.
Falta também colher depoimentos dos diretores e engenheiros da Sersan. Nunes Pinto afirmou que não intimará o deputado Sérgio Naya. "Ele tem imunidade." (MARCELO OLIVEIRA e MÁRIO MAGALHÃES)



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