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MEMÓRIA
No PR, vítima aceita parte do prejuízo
FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba
Proprietários de apartamentos
do edifício Atlântico, que desabou
em Guaratuba (litoral do Paraná)
em janeiro de 95, causando a morte de 29 pessoas, aceitaram o acordo proposto pelo dono da obra e
deverão receber, cada um, R$
25.625,00 como indenização
-pouco mais de um terço do valor do imóvel há três anos.
O pagamento da indenização foi
a alternativa encontrada pelo empresário Ney Baptista Torres, responsável pela construção, para
evitar um processo por homicídio
culposo (não intencional).
Depois do acidente, Torres teve
cassado o seu registro de engenheiro e foi acusado criminalmente pelo Ministério Público do Paraná, mas não foi julgado.
Segundo o promotor Lucílio
Hels Jr., 29, da comarca de Guaratuba, o construtor foi beneficiado
pelo recurso jurídico da "suspensão condicional do processo".
Como condição para a suspensão, o empresário foi obrigado pelo juiz a pagar indenizações aos
parentes das vítimas. O processo
será extinto quando todas as indenizações tiverem sido pagas.
Segundo o advogado de Torres,
Luiz Cláudio Biscaia, dos 15 proprietários de apartamentos do edifício Atlântico, 12 irão "ratear" os
R$ 307.500,00 oferecidos.
Os outros três proprietários são
Polliana Pundek, 23, retirada viva
dos escombros; a família do
ex-prefeito de Tomazina Ivaldo
Alves da Costa, que morreu no
acidente junto com dois filhos; e o
próprio empresário Ney Torres,
que também perdeu parentes.
O marido de Polliana, José Luís
Branco, 32, disse à Agência Folha
que sua mulher não foi procurada
para assinar qualquer acordo.
"Ela ficou transtornada com a
preocupação excessivamente material dos proprietários, que se
reuniram depois do desabamento
para discutir, por exemplo, sobre
o carro que tinha sido atingido.
Ninguém estava ali para falar sobre as mortes", afirmou Branco.
Polliana move uma ação contra
o empresário Ney Torres. Ela quer
ser ressarcida de todas as despesas
que teve nos últimos três anos para recuperar parcialmente os movimentos das pernas, que depois
de cinco meses de internação ainda não estão totalmente recuperadas.
Como o do edifício Palace, no
Rio de Janeiro, o desabamento em
Guaratuba também foi provocado
por falhas na estrutura de sustentação do prédio, causadas pela
construção de uma piscina com
capacidade para 5.000 litros e uma
caixa d'água fora do projeto.
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