|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSUMO
Consumidor perde com buracos da Sabesp
RITA NAZARETH
da Reportagem Local
Fazer um serviço e desfazer outro. Essa tem sido a reclamação de
muitos paulistanos que tiveram o
asfalto de suas ruas destruído em
virtude de consertos da Sabesp.
Mais do que se queixar da estética
comprometida, o morador da cidade reclama contra o risco a sua
segurança e ao seu bolso.
Desorganização do sistema de
empreiteiras que realizam as obras
é a explicação da empresa para o
atraso no recapeamento do solo
(leia texto ao lado). Enquanto isso,
os usuários são abandonados à
própria sorte por períodos que
chegam a mais de dois meses. Alguns falam até em indenização por
prejuízos.
É o caso do comerciante Almir
Gastro Ribeiro, 38, que terá de
gastar cerca de R$ 500 para adquirir um novo catalisador para seu
carro.
Segundo ele, o antigo equipamento foi danificado em dezembro do ano passado, quando passava com seu Gol 1000 por um dos
cerca de 20 buracos em sua rua,
que fica no bairro de Itaquera (zona leste de São Paulo).
"Já liguei para a Sabesp mais de
cinco vezes", diz Ribeiro. "Um fiscal deles veio até aqui e disse que
ainda não poderia resolver o problema por falta de material para
asfaltar a rua."
Outro morador do bairro, o comerciante Roberto Hemenegildo
Silva, 38, também teve de pagar R$
80 por uma roda quebrada em um
dos buracos.
"A negligência da empresa é tão
grande que se perde até a vontade
de reclamar."
Pelo mesmo motivo, a auxiliar
de informática Ana Rosa Cardoso,
47, e outros moradores de sua rua
no bairro da Saúde (zona sudoeste) decidiram fechar com pedras
os buracos abertos pela empresa.
"A Sabesp fez esse estrago e agora, com as fortes chuvas do fim do
verão, o negócio vai piorar por
aqui", diz Ana Rosa. "Prefiro arregaçar as mangas a arriscar perder
minha casa."
2ª mais reclamada
De todas as empresas de São
Paulo que tiveram queixas registradas no Procon (Fundação de
Proteção e Defesa do Consumidor), a Sabesp foi a segunda com o
maior número de reclamações durante todo o ano passado.
Ao todo foram 421 queixas. Liderando a lista estão os problemas
com cobrança (224 queixas), seguidos pela má prestação de serviços (66 queixas) e pelos aumentos
de prestações (62 queixas).
Segundo o Procon, o problema
da abertura e do não fechamento
de buracos nas ruas pode ser incluído em dois itens: má prestação
de serviços e serviços que causaram danos ao consumidor (veja
quadro ao lado).
Somando-se as queixas, chega-se a um número de 68 reclamações. "Deve-se levar em consideração, no entanto, que nem todas
as reclamações se referem a buracos abertos nas ruas", afirma Regina Franco, técnica da área de
serviços do órgão.
Por outro lado, Regina afirma
que o número é "considerável" e
que essa atitude da Sabesp acaba
infringindo um dos artigos do Código de Defesa do Consumidor,
que prevê que todos os serviços
prestados devam ser seguros.
"Na medida em que o consumidor não encontra segurança no
que está pagando, deve reclamar e
exigir uma indenização na Justiça", diz Regina.
A técnica faz um alerta ao consumidor para que junte todo tipo de
prova que puder.
"Protocole as reclamações, anote os nomes dos funcionários da
empresa que registraram as queixas e não deixe de pedir notas fiscais de eventuais consertos."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|