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No Rio, polícia mata mais civis em confrontos
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio está matando
mais civis durante confrontos, ao
mesmo tempo que aumenta o número de policiais assassinados. A
maioria desses policiais foram
mortos quando estavam de folga.
Nos dois primeiros meses deste
ano, o número de mortos em confronto com a polícia chegou a 201,
contra 143 no mesmo período de
2002. Em 2001, foram registrados
95 mortos pela polícia nos meses
de janeiro e fevereiro; em 2000, foram 69. A estatística não inclui vítimas de balas perdidas.
Nos 38 meses decorridos desde
janeiro de 2000, nunca houve tantas mortes em confronto com a
polícia quanto em fevereiro deste
ano: 111. No dia 24 daquele mês,
uma série de atentados do narcotráfico levou a operações policiais
contra redutos de venda de drogas, a maioria em favelas da cidade. Numa só ação, na favela do
Rebu (zona oeste), foram mortos
11 supostos traficantes.
Enquanto isso, pelo menos 43
policiais civis e militares foram assassinados no Estado de janeiro a
março deste ano, número que supera o total dos cinco primeiros
meses do ano passado, quando
morreram 40 policiais.
Apesar de mais civis estarem
morrendo em confrontos, apenas
nove dos 43 policiais mortos neste
ano foram atingidos em tiroteios.
A última vítima foi o tenente da
PM Gabriel Idalino da Silva Júnior, morto anteontem em um
confronto com traficantes do
complexo da Maré (zona norte)
que haviam incendiado ônibus e
carros na avenida Brasil.
Idalino, que estava há um ano
na PM, foi enterrado ontem. Ele
tem um filho, que completa um
ano nesta sexta-feira. Dois suspeitos do crime já foram presos.
Vinte e nove dos policias morreram quando estavam de folga. Esse número inclui também os já reformados.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado só informa o número de policiais mortos em confrontos. Quando um policial é assassinado sem estar em serviço, é
incluído nas estatísticas de homicídio doloso. Muitos dos policiais
foram mortos depois que foram
reconhecidos pelos assassinos ou
porque reagiram a assaltos.
Um dos casos foi o do inspetor
da Polícia Civil, José Antônio Leal
Correia, morto no dia 8 de março,
quando estava de folga. Ele foi assassinado na porta da casa da namorada, no Rocha (zona norte),
por assaltantes que pretendiam
roubar seu veículo, mas decidiram matá-lo depois de descobrirem que Correia era policial.
Mas houve casos em que PMs
em serviço foram mortos depois
de serem atacados por traficantes.
Em 15 de janeiro, os sargentos do
9º Batalhão (Rocha Miranda, zona norte) José Augusto Massana e
Luiz Henrique de Lima morreram
depois que traficantes do morro
da Pedreira metralharam e jogaram uma granada no carro em
que os policiais estavam. Os dois
não tiveram chance de reação.
A estatística de policiais mortos
inclui ainda PMs que foram assassinados por colegas. É o caso do
capitão Elias Gonçalves dos Santos, morto em 22 de março pelo
soldado Fábio Nascimento. Nascimento cometeu o crime depois
que o superior lhe aplicou uma
punição disciplinar. O incidente
aconteceu dentro do 3º Batalhão
(Méier, zona norte).
Procurado pela Folha, o secretário de Segurança, Josias Quintal,
não havia comentado esses números até as 19h.
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