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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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No Rio, polícia mata mais civis em confrontos

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio está matando mais civis durante confrontos, ao mesmo tempo que aumenta o número de policiais assassinados. A maioria desses policiais foram mortos quando estavam de folga.
Nos dois primeiros meses deste ano, o número de mortos em confronto com a polícia chegou a 201, contra 143 no mesmo período de 2002. Em 2001, foram registrados 95 mortos pela polícia nos meses de janeiro e fevereiro; em 2000, foram 69. A estatística não inclui vítimas de balas perdidas.
Nos 38 meses decorridos desde janeiro de 2000, nunca houve tantas mortes em confronto com a polícia quanto em fevereiro deste ano: 111. No dia 24 daquele mês, uma série de atentados do narcotráfico levou a operações policiais contra redutos de venda de drogas, a maioria em favelas da cidade. Numa só ação, na favela do Rebu (zona oeste), foram mortos 11 supostos traficantes.
Enquanto isso, pelo menos 43 policiais civis e militares foram assassinados no Estado de janeiro a março deste ano, número que supera o total dos cinco primeiros meses do ano passado, quando morreram 40 policiais.
Apesar de mais civis estarem morrendo em confrontos, apenas nove dos 43 policiais mortos neste ano foram atingidos em tiroteios. A última vítima foi o tenente da PM Gabriel Idalino da Silva Júnior, morto anteontem em um confronto com traficantes do complexo da Maré (zona norte) que haviam incendiado ônibus e carros na avenida Brasil.
Idalino, que estava há um ano na PM, foi enterrado ontem. Ele tem um filho, que completa um ano nesta sexta-feira. Dois suspeitos do crime já foram presos.
Vinte e nove dos policias morreram quando estavam de folga. Esse número inclui também os já reformados.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado só informa o número de policiais mortos em confrontos. Quando um policial é assassinado sem estar em serviço, é incluído nas estatísticas de homicídio doloso. Muitos dos policiais foram mortos depois que foram reconhecidos pelos assassinos ou porque reagiram a assaltos.
Um dos casos foi o do inspetor da Polícia Civil, José Antônio Leal Correia, morto no dia 8 de março, quando estava de folga. Ele foi assassinado na porta da casa da namorada, no Rocha (zona norte), por assaltantes que pretendiam roubar seu veículo, mas decidiram matá-lo depois de descobrirem que Correia era policial.
Mas houve casos em que PMs em serviço foram mortos depois de serem atacados por traficantes. Em 15 de janeiro, os sargentos do 9º Batalhão (Rocha Miranda, zona norte) José Augusto Massana e Luiz Henrique de Lima morreram depois que traficantes do morro da Pedreira metralharam e jogaram uma granada no carro em que os policiais estavam. Os dois não tiveram chance de reação.
A estatística de policiais mortos inclui ainda PMs que foram assassinados por colegas. É o caso do capitão Elias Gonçalves dos Santos, morto em 22 de março pelo soldado Fábio Nascimento. Nascimento cometeu o crime depois que o superior lhe aplicou uma punição disciplinar. O incidente aconteceu dentro do 3º Batalhão (Méier, zona norte).
Procurado pela Folha, o secretário de Segurança, Josias Quintal, não havia comentado esses números até as 19h.


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