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Dirigente admite baixa qualidade de exames clínicos
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a polícia fechar dois laboratórios acusados de fraudas exames, o presidente da Associação
de Laboratórios Clínicos, Luiz
Roberto Del Porto, 38, afirma que
a qualidade de exames feitos por
esses serviços está caindo por causa dos baixos valores pagos pelos
procedimentos.
"O pessoal começa a utilizar
produtos nacionalizados. Conforme o fabricante, o reagente começa a ser diluído a fim de que renda
mais", disse ontem. "Como hoje
os testes de laboratórios se baseiam em pesquisas de anticorpos, antígenos, se você tem reagentes diluídos, com pouca sensibilidade, você não consegue identificar a doença. É muito sério."
Porto já fizera o alerta durante a
CPI dos Planos de Saúde, em setembro do ano passado.
Os laboratórios Bayern e SNA
Centro de Diagnósticos, de São
Paulo, são suspeitos de terem
fraudado resultados de exames.
Segundo a polícia, eles não realizavam a análise do material coletado e mesmo assim emitiam relatórios atestando a boa saúde dos
pacientes. Ambos eram credenciados da operadora de planos de
saúde Itálica.
Para Del Porto, que afirma desconhecer os serviços, a situação
pode ser efeito do "estrangulamento" da rede em razão dos baixos valores pagos pelas operadoras dos planos de saúde.
De acordo com o dirigente, não
foram concedidos reajustes nos
últimos dez anos. Para um hemograma, que custa R$ 6, algumas
operadoras pagam R$ 5.
A associação reúne em especial
laboratórios do Estado de São
Paulo, onde estão 60% desses serviços -são 12 mil no país. Segundo Del Porto, sofrem mais os pequenos laboratórios, que são 90%
do total. "Com raras exceções, todo mundo fechou no vermelho."
O dirigente diz que correm negociações com as operadoras para
reajustes, até agora sem efeito. A
entidade também oficiou a ANS
(Agência Nacional de Saúde Suplementar), que, no entanto, não
tem poderes para determinar reajustes de valores.
A Abramge, entidade que reúne
as operadoras de planos, não quis
comentar o assunto. A ANS informou ontem que a operadora de
saúde Itálica se comprometeu a
refazer todos os exames.
O setor de fiscalização da ANS
deu um prazo de três dias para
que a Itálica apresente documentos comprovando que os dois laboratórios são apenas credenciados, como alega a empresa de planos.
(FABIANE LEITE E AMARÍLIS LAGE)
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