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Drauzio Varella diz que preso era sábio na cadeia
DA REPORTAGEM LOCAL
Consagrado pelo público
com a venda de quase 500 mil
exemplares do seu livro "Estação Carandiru" (1999), o médico oncologista e colunista da
Folha Drauzio Varella diz que
aprendeu muito com a convivência de 13 anos com Monarca, dentro da Casa de Detenção
de São Paulo. "Eu o via toda semana", relembra Varella.
"O Monarca tinha equilíbrio,
sobreviveu a várias rebeliões,
sobreviveu na política interna e
era um sábio dentro da cadeia
nesse sentido. Porque ele soube, o tempo inteiro, se comportar de uma maneira que nunca
atraiu para si nenhuma violência. E isso é raro em 30 anos, isso é uma proeza."
Das longas conversas com
Monarca, o oncologista também diz ter aprendido bastante
sobre os códigos não escritos
da prisão. "Ele tinha uma formação sólida em relação ao
bem e ao mal. Na cadeia não
tem mais ou menos, não tem
zona cinza, tem o certo e o errado", afirma.
Até hoje, o médico não esquece de quando viu um brilho
impressionante no olhar do ex-morador do Pavilhão 9. Foi
num dia de visita. "Num domingo pela manhã, eu escutei
um grito no Pavilhão 9: "Doutor Drauzio!". Era ele, que vinha
com a netinha no colo."
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