São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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Ex-estudante agiu com calma, diz testemunha

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-estudante Mateus da Costa Meira entrou na sessão de cinema no shopping Morumbi, esperou alguns segundos para se acostumar com a escuridão e depois passou a dar tiros, entre vários intervalos, mirando fileira por fileira da sala.
Duas vítimas de tentativa de homicídio ouvidas ontem, no início do júri popular, narraram assim os momentos dos disparos. Para o Ministério Público, os relatos mostram que Meira não estava em nenhum surto psicótico e planejou a ação.
Antonio José de Carvalho Amaral Martins estava no cinema com a mulher e levou dois tiros disparados pelo ex-estudante. Martins conta que viu quando Meira entrou na sala, ficou alguns instantes parado e depois começou a atirar.
"Ele mirava uma fileira, dava alguns disparos e depois parava. Fez isso em várias fileiras", disse Martins. "Fiquei todo o tempo olhando para ele. Fiquei surpreso ao perceber que era um garoto e tinha espinhas."
Carlos Eduardo Porto de Oliveira também foi ferido duas vezes. Um dos tiros atingiu seu braço e ele perdeu o movimento e a sensibilidade de alguns dedos. Ele viu quando a namorada, Fabiana Lobão de Freitas, foi atingida no peito.
"Ela chorou um pouquinho e parou", narrou Oliveira, que chorou durante o depoimento. Ele também disse que Meira entrou, ficou alguns segundos com a arma na mão e depois passou a mirar as primeiras fileiras.
Ivo Alexandre da Silva, que trabalhava no cinema, disse que saiu da sala quando ouviu um disparo -Meira atirou primeiro contra um espelho do banheiro- e viu quando o ex-estudante entrou calmamente na sala onde estava sendo exibido o filme "Clube da Luta".
"Esses relatos mostram que ele tinha consciência do que fazia. Foi uma ação pensada", afirmou o promotor de Justiça Norton Geraldo Rodrigues da Silva.
Karina Jatobá Valdasz, 26, filha da publicitária Hermé Luiza Jatobá, assassinada pelo ex-estudante, também pensa assim. "Foi um crime premeditado", disse ela, que assistiu ao primeiro dia de julgamento. A decisão do júri -formado por quatro mulheres e três homens- deve ser conhecida amanhã.


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