São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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ALERTA GASTRONÔMICO

Vigilância analisou os 45 registros do Estado

Salmão causou surto de doença, diz laudo

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Investigação do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo concluiu que o salmão foi responsável pelo surto de difilobotríase, infecção intestinal causada pela "tênia do peixe", ocorrido entre março de 2004 e maio deste ano.
O Estado registrou no período 45 casos da doença (34 na capital), todos confirmados laboratorialmente. Desses, 33 foram investigados por meio de entrevistas. A apuração dos outros 12 registros continua em curso.
Das 33 pessoas, 17 (51,5%) disseram ter comido só salmão cru. O resto ingeriu salmão e outros peixes. "O fato de 17 pacientes dizerem que o único peixe consumido foi salmão é a evidência epidemiológica de que é a fonte da infecção", diz Carlos Magno Fortaleza, diretor do CVE.
Até agora, o parasita da doença não foi achado nas amostras. "As análises são do salmão atual, não do consumido no período da doença", diz Fortaleza.
"Disseram que fomos precipitados na divulgação. Agora estamos mostrando que tudo estava muito bem embasado metodologicamente", afirmou.
Em evento em 10 de maio, o ministro José Fritsch (Aqüicultura e Pesca) disse que houve "precipitação" da Vigilância Sanitária paulista, da Anvisa (vigilância federal) e do Ministério da Agricultura na divulgação.
Para Rodrigo Fróes, vice-presidente da ABCJ (Associação Brasileira de Culinária Japonesa), a "culpa" do salmão não é novidade. "Já esperávamos por isso e nos antecipamos com as medidas preventivas", diz, sobre o selo que atesta que o salmão foi comprado congelado. A associação reúne 130 estabelecimentos. Após a divulgação do surto pela Folha, em abril, as vendas nos restaurantes caíram 60%. De 80% a 90% do movimento já foi recuperado.

Sintomas
Entre as pessoas investigadas, 29 tiveram sintomas. A maioria dos indícios aparece 45 dias após a ingestão do peixe, quando a tênia começa a parasitar intestino ou duodeno e a pôr ovos. O período de maior concentração de sintomas foi de novembro de 2004 a janeiro deste ano.
A faixa etária mais afetada foi de 15 a 35 anos (54%). A maioria (70%) precisou só de atendimento em consultório, mas cinco foram internados. Dos infectados, 88% comeram em restaurantes japoneses. Nos casos da capital, 14% são moradores do Morumbi e 7,2%, do Itaim Bibi.
Autoridades sanitárias brasileiras recomendaram que o peixe só seja consumido após congelamento a -20C, por sete dias, ou a -35C, durante 15 horas.


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