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ALERTA GASTRONÔMICO
Vigilância analisou os 45 registros do Estado
Salmão causou surto de doença, diz laudo
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Investigação do CVE (Centro
de Vigilância Epidemiológica)
do Estado de São Paulo concluiu
que o salmão foi responsável pelo surto de difilobotríase, infecção intestinal causada pela "tênia do peixe", ocorrido entre
março de 2004 e maio deste ano.
O Estado registrou no período
45 casos da doença (34 na capital), todos confirmados laboratorialmente. Desses, 33 foram
investigados por meio de entrevistas. A apuração dos outros 12
registros continua em curso.
Das 33 pessoas, 17 (51,5%) disseram ter comido só salmão cru.
O resto ingeriu salmão e outros
peixes. "O fato de 17 pacientes
dizerem que o único peixe consumido foi salmão é a evidência
epidemiológica de que é a fonte
da infecção", diz Carlos Magno
Fortaleza, diretor do CVE.
Até agora, o parasita da doença não foi achado nas amostras.
"As análises são do salmão
atual, não do consumido no período da doença", diz Fortaleza.
"Disseram que fomos precipitados na divulgação. Agora estamos mostrando que tudo estava
muito bem embasado metodologicamente", afirmou.
Em evento em 10 de maio, o
ministro José Fritsch (Aqüicultura e Pesca) disse que houve
"precipitação" da Vigilância Sanitária paulista, da Anvisa (vigilância federal) e do Ministério
da Agricultura na divulgação.
Para Rodrigo Fróes, vice-presidente da ABCJ (Associação
Brasileira de Culinária Japonesa), a "culpa" do salmão não é
novidade. "Já esperávamos por
isso e nos antecipamos com as
medidas preventivas", diz, sobre
o selo que atesta que o salmão
foi comprado congelado. A associação reúne 130 estabelecimentos. Após a divulgação do
surto pela Folha, em abril, as
vendas nos restaurantes caíram
60%. De 80% a 90% do movimento já foi recuperado.
Sintomas
Entre as pessoas investigadas,
29 tiveram sintomas. A maioria
dos indícios aparece 45 dias
após a ingestão do peixe, quando a tênia começa a parasitar intestino ou duodeno e a pôr ovos.
O período de maior concentração de sintomas foi de novembro de 2004 a janeiro deste ano.
A faixa etária mais afetada foi
de 15 a 35 anos (54%). A maioria
(70%) precisou só de atendimento em consultório, mas cinco foram internados. Dos infectados, 88% comeram em restaurantes japoneses. Nos casos da
capital, 14% são moradores do
Morumbi e 7,2%, do Itaim Bibi.
Autoridades sanitárias brasileiras recomendaram que o peixe só seja consumido após congelamento a -20C, por sete dias,
ou a -35C, durante 15 horas.
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