São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005
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SAÍDA PELA LATERAL Jovem participava de excursão da Febem no Legislativo de SP, mas foi recapturado pela polícia Interno tenta fuga em visita à Câmara
FABIO SCHIVARTCHE DA REPORTAGEM LOCAL Um adolescente de 17 anos da Febem paulista tentou escapar dos monitores durante uma visita de 11 menores da instituição à Câmara Municipal de São Paulo, na tarde de ontem. A cena ocorreu logo após discurso do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), que estava na tribuna. O garoto, que havia permanecido por cerca de meia hora no auditório da Câmara, aproveitou um momento de desatenção dos monitores que o acompanhavam e saiu correndo pelas escadas em direção ao pátio, que fica no térreo do edifício. Perseguido por dois agentes da Febem, ele saiu em disparada pelo jardim e pulou um muro de quase três metros de altura para a rua Santo Antônio. Foi em direção ao terminal de ônibus Bandeira, localizado logo atrás da Câmara Municipal. Cerca de cinco minutos depois da fuga, ele foi recapturado. Voltou com as mãos atadas para a garagem da Câmara, onde juntou-se aos colegas e voltou para a Febem da Raposo Tavares. "Ele tentou fugir porque viu a oportunidade passar. Mas explicamos para o grupo que nem toda oportunidade que aparece na nossa frente tem de ser aproveitada", disse Soraia Patrícia da Silva, coordenadora do programa Cidadania Tour do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), que promove ações junto a jovens carentes. Punição Segundo a Febem, o fugitivo não sofrerá punições. Mas dois repórteres do jornal "Agora" ouviram funcionários da Febem comentando no elevador da Câmara que iriam agredir o menor. "Quando a gente (sic) chegar à unidade, vou socar o ... [nome do garoto]. Ele vai tomar muita porrada", disseram. A corregedoria da Febem abriu uma sindicância para apurar a conduta dos funcionários. Os garotos da Febem foram escolhidos para participar do programa por seu bom comportamento. No jargão da instituição, são todos internos primários leves -isso é, não cometeram delitos graves nem atentaram contra a vida de outras pessoas. CPI e nova rota Foi a primeira vez que a Câmara Municipal de São Paulo recebeu como visitantes internos da Febem. Eles deveriam, no entanto, ter ido ontem à Assembléia Legislativa paulista. A mudança de planos ocorreu ainda na semana passada, quando um dos coordenadores do PNBE, Percival Maricato, notou que a data da visita poderia coincidir com a instalação da CPI para investigar as ações da administração Geraldo Alckmin (PSDB) na Febem. "Imaginei que a visita dos meninos à uma casa legislativa poderia ser confundida com pressão sobre a CPI. Não seria bom misturar uma discussão política com nossas ações sociais", afirmou ontem Maricato. Não há acordo entre os deputados estaduais para a instalação da CPI da Febem, apesar dos esforços da oposição a Alckmin -que hoje será entrevistado no Palácio dos Bandeirantes por adolescentes da instituição da unidade de Itaquaquecetuba (interior). Nem Serra nem os vereadores notaram durante seus discursos a tentativa de fuga. Segundo a capitã da Polícia Militar Selma Petronilho de Souza, chefe da assessoria policial-militar da Câmara, não houve uma tentativa de fuga. "Foi uma dispersão do grupo que nos visitava. Mas ele se juntou novamente", disse a capitã, que, alegando "questões de segurança", não deu detalhes sobre o esquema de vigilância da Casa. Outra fuga Na Febem em Franco da Rocha, 12 internos fugiram ontem. Seis escaparam em um carro roubado de um funcionário. Todos acabaram recapturados. Os jovens que não fugiram fizeram quatro funcionários reféns para negociar o período de castigo -ficou decidido que será de cinco dias. Neste ano a Febem paulista já registrou 38 fugas. Colaboraram GILMAR PENTEADO, AFRA BALAZINA e SIMONE HARNIK, da Reportagem Local, e ANDRÉ CARAMANTE e FÁBIO MAZZITELLI, do "Agora" Texto Anterior: Juventude encarcerada: Mais 9 da Febem são acusados de agressão Próximo Texto: Investigação: Secretário nega abuso de poder e responsabiliza auxiliar Índice |
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