São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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No Pará, soldado foi obrigado a pôr a mão em fogão

DA SUCURSAL DO RIO

Os maus-tratos no Exército incluem até punições para testar se um recruta mente para tentar escapar de treinamentos fortes. Processos da Justiça Militar que a Folha divulgou ontem mostram a disseminação de violência e tortura em quartéis.
É o caso do soldado Gledson Magalhães Nogueira, do 23º Comando de Brigada da Selva, de Marabá (PA). Por causa dos treinamentos exaustivos a que era submetido, ficou sem movimentos na mão direita.
Foi aberta sindicância para apurar as razões do problema dele. Em 14 de julho de 2000, ele foi interrogado pelo capitão Alei Salim Magluf Júnior. Desconfiado, o oficial ordenou que Nogueira enfiasse a mão em um fogareiro de campanha para testar a sensibilidade da mão.
Ele colocou a mão e logo a retirou, só que Magluf Júnior o obrigou a repetir o gesto. As queimaduras o fizeram ficar afastado do serviço por 30 dias, além de fazer tratamento psicológico.
Pela ação, o capitão foi condenado a seis meses de prisão, mas recorreu. Segundo as investigações, o oficial procedeu a atos de apuração não regulares, que incluíram testes violentos e humilhantes visando produzir resultados lesivos no soldado.
Em 6 de dezembro de 2001, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, o ainda aluno Rafael Rubens de Queiroz Balbi Neto recebeu o castigo chamado "chá-de-manta". Foi coberto por uma manta e levou uma surra. Correu o risco de uma hemorragia intracraniana. Dois instrutores foram condenados a três meses de prisão.
Nove militares foram denunciados em abril de 2001 por suposta tortura contra recrutas durante treinamento no 23º Batalhão de Infantaria, em Blumenau (SC). A acusação diz que os recrutas apanharam com uma vara nas regiões glútea e lombar na parte inferior das coxas.


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