São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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VIOLÊNCIA
Nem o Instituto Médico Legal funcionou; eletricitário morreu eletrocutado e teve de ser resgatado por colegas
Greve da polícia em Alagoas pára delegacias

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

Os 1.270 policiais civis de Alagoas entraram em greve ontem por tempo indeterminado. Eles reivindicam reajuste de 70% em seus salários. Um agente tem hoje salário de R$ 350,00.
A greve paralisou os serviços das delegacias, do IML (Instituto Médico Legal) e do Instituto de Identificação. Por causa da paralisação, nenhum inquérito policial foi aberto ontem.
"Esperamos uma semana pela decisão do governo. Mas não houve acordo. Estamos há cinco anos sem reajuste de salários e só a greve pode fazer o governo reconhecer o caos da segurança pública no Estado", afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, José Carlos dos Santos.
O governador Manoel Gomes de Barros (PTB) não havia definido uma contraproposta para os policiais até o final da tarde de ontem. O governador disse que pretendia, até o final da noite de ontem, encontrar uma solução financeira para acabar com a greve.
Segundo ele, o governo dará também um reajuste para os 8.200 PMs do Estado, que pressionam por melhores salários. "Vou encontrar uma solução, desde que ela não torne o Estado ingovernável como estava quando assumi há um ano", afirmou Barros.

Serviço parado

Com o IML parado, não houve recolhimento de corpos na cidade.
O eletricitário Orlando Alfredo Santos, que morreu eletrocutado durante o trabalho de reparação da rede elétrica de Maceió, ficou pendurado nos fios por mais de duas horas.
O corpo só chegou ao IML depois que a empreiteira na qual ele trabalhava foi resgatá-lo.
O corpo do eletricitário deu entrada no instituto, mas, até as 17h de ontem, a família não havia conseguido o atestado de óbito, documento que libera o corpo para que ele seja enterrado.

Pernambuco
Médicos-legistas do IML de Pernambuco voltaram a trabalhar ontem, após uma greve de 48 horas.
Eles querem um reajuste salarial cujo índice, segundo a associação da categoria, não é predeterminado e pode ser definido em negociação com o governo estadual.
O Estado não tem condições de conceder reajustes salariais, segundo o governo.
A paralisação fez com que pelo menos 36 corpos deixassem de ser necropsiados.
Os policiais civis de Pernambuco estão em greve há 48 dias. Anteontem, às 22h, cerca de 200 grevistas deixaram o prédio da Assembléia Legislativa, em Recife, que haviam ocupado durante a manhã.


Colaborou Vandeck Santiago, da Agência Folha, em Recife


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