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Desinformação sobre vítimas é comum, diz polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
O seqüestro do filho do empresário Eduardo Homem de Mello
preenche quase todas as características do padrão de casos ocorridos principalmente no segundo
trimestre deste ano, de acordo
com a DAS (Divisão Anti-Sequestro), unidade da Polícia Civil.
Segundo o delegado Wagner
Giudice, diretor da DAS, em 90%
dos casos, os seqüestradores têm
pouca ou nenhuma informação
sobre suas vítimas. Em pelo menos 50% dos registros, a escolha é
aleatória e determinada pela aparência da vítima.
É o refém, já no cativeiro, que dá
detalhes sobre a vida financeira da
família, segundo o delegado. "O
seqüestrador pergunta no cativeiro: "que carro tem na sua casa?". E
depois liga para a família e diz para vender aquele carro. A família
fala: "eles sabem tudo da gente".
Sabem nada. Quem falou foi a
própria vítima", diz.
Segundo Giudice, houve um período atípico no segundo trimestre deste ano, quando foram registrados 33 casos de seqüestro no
Estado, contra 22 no trimestre anterior. No segundo trimestre de
2003, foram 29 casos. Na comparação dos primeiros seis meses, a
tendência ainda é de redução: 55
neste ano contra 59 em 2003.
"Os 14 casos do primeiro trimestre têm muito mais cara de seqüestro tradicional do que os 21
do segundo trimestre", diz o delegado, referindo-se aos dados apenas da capital paulista.
O delegado afirma que a maioria dos casos verificados no segundo trimestre é de seqüestros
com resgates de pequeno valor e
resolvidos rapidamente.
"O que enche as estatísticas são
esses pequenininhos. Existem
certos tipos de seqüestro que são
as coisas mais absurdas do mundo. Resgate de R$ 700. Flanelinha
seqüestrado, cara que vende chiclete no farol. O seqüestrador pega resgate menor, com acertos
mais rápidos", diz.
Giudice também cita que, nos
últimos três meses, ocorreram
quatro ou cinco casos de roubo a
residência nos quais os ladrões
acabaram levando alguém da família para conseguir mais dinheiro. "Isso era uma coisa rara de
acontecer na capital", diz.
Em relação ao perfil das vítimas,
Giudice diz que a DAS não faz detalhamento por ocupação e não
quis comentar o levantamento de
boletins de ocorrência que apontou que 25% são estudantes.
"A maioria das vítimas é homem, maior de idade. Não dá para dizer se é o chefe da família ou
não. Esse tipo de conta eu não fiz
ainda", afirma.
Apesar disso, o diretor da DAS
diz não ter percebido mudanças
em relação a esse perfil. "Não poderia dizer com certeza, mas é
uma tendência que sempre houve. O mais óbvio para o seqüestrador, pelo menos para o que pensa
um pouco sobre o seqüestro, não
é pegar quem tem dinheiro, mas
alguém querido para quem tem o
dinheiro", diz o delegado.
Giudice afirma que o seqüestro
de criança é muito raro e admite
que o de adolescentes e de jovens
é mais freqüente.
(GP)
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