São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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SEGURANÇA

Vítima foi seqüestrada após criminosos balearem o filho dela em uma fazenda em Santa Isabel, na Grande São Paulo; resgate não foi recolhido

Idosa de 86 anos é libertada após 2 semanas de cativeiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem marcas de agressões, Ophélia Cianflone, 86, seqüestrada há duas semanas, foi libertada na madrugada de ontem. Ela havia sido levada durante uma invasão à fazenda de seu filho, o empresário Nelson Cianflone, 63, ocorrida no dia 18 de julho, em Santa Isabel (Grande SP).
Cianflone foi baleado na fazenda e morreu no hospital. Os seqüestradores pediram resgate, mas libertaram a refém sem receber o dinheiro exigido.
Ophélia foi encontrada por PMs, por volta das 2h, deitada no banco traseiro de uma Parati, na rua Piemonteses, no bairro Jardim D'Abril, zona oeste de São Paulo, segundo o delegado Douglas Dias Torres, do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de Guarulhos, que acompanhava a negociação. Até então, de acordo com Torres, a mãe não sabia da morte do filho.
Ela foi abandonada horas depois de a família ter deixado R$ 11.500 em uma bolsa, perto de uma lixeira na rodovia Raposo Tavares. Os criminosos não foram buscar o dinheiro. "Provavelmente, desconfiaram de algo e temiam ser presos", diz o delegado.
A polícia não tinha certeza que se tratava de um seqüestro até quarta-feira passada, quando os criminosos ligaram para a família e pediram R$ 1 milhão. Na negociação, eles se contentaram em receber os R$ 11.500.
Segundo Torres, os criminosos deixaram duas cartas, escritas por Ophélia, em placas de rodovias como prova de vida. Nelas, a refém contava que estava bem e pedia que a família seguisse as ordens dos seqüestradores.
Ophélia disse à polícia que o cativeiro era um lugar sujo e escuro, com apenas um colchão. Ela também contou que não foi agredida nem ameaçada pelos criminosos.
Ontem, ela passou por uma avaliação médica e voltou para a casa da família. Um parente disse que ela estava bem, mas que precisava descansar e que a família não iria falar sobre o caso.
Segundo a polícia, os criminosos faziam parte de uma quadrilha especializada em roubos. Eles teriam iniciado o seqüestro porque não conseguiram levar nada da casa da família, após a reação de Cianflone.
De acordo com o diretor da Divisão Anti-Seqüestro, Wagner Giudice, o aumento de casos de roubos em residência que se transformam em seqüestro foi uma das características do segundo trimestre deste ano. Nesse período, ocorreram pelo menos quatro casos, segundo Giudice.
(GILMAR PENTEADO E VICTOR RAMOS)


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