São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/APURAÇÃO

Chefe da investigação quer localizar os manetes

Brigadeiro disse à CPI que respostas serão buscadas entre peças tiradas dos escombros

Na sessão reservada, segundo apurou a Folha, o brigadeiro disse considerar a hipótese de que o treino dos pilotos foi insuficiente


ANDREZA MATAIS
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão investigadora da Aeronáutica vai procurar respostas para o acidente entre as peças da aeronave que foram retiradas dos escombros.
O brigadeiro Jorge Kersul, chefe do Cenipa (Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos), disse que o objetivo principal é encontrar os manetes. A depender do estado em que estiverem, eles podem esclarecer se houve erro do piloto ou se a falha foi mecânica.
"Conseguimos encontrar alguns instrumentos e os demos à perícia, mas não me recordo de manete", disse o capitão Mauro Lopes, porta-voz do Corpo de Bombeiros. Ele afirmou que a cabine foi a parte mais avariada da aeronave.
Em reunião reservada da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Kersul confirmou informação, revelada pela Folha, de que a falha de operação do manete da turbina direita é o principal fator contribuinte para o acidente, segundo a caixa-preta.
O que não se sabe é se o erro foi do piloto, o que parece mais provável a esta altura, ou se houve defeito no mecanismo.
A caixa-preta de dados da aeronave indicou que na hora do pouso um manete estava em posição de aceleração e o outro em "ponto morto". Ambos deveriam estar em ponto morto.
Kersul disse que não está descartado, até mesmo, que um "clipe ou um pedaço de papel" tenham caído no equipamento e prejudicado sua operação. Como exemplo, citou um acidente com um Airbus no exterior. As investigações revelaram que o piloto apoiou no manete uma xícara de café que deve ter derramado e provocado um curto-circuito.
A FAB também considera a hipótese de que o piloto pode ter colocado os manetes na posição correta, mas o computador de bordo ter interpretado a informação de forma diferente.
Para deputados que acompanharam a reunião, no entanto, a suspeita mais forte é que o piloto não encaixou corretamente os manetes.
A Folha apurou que Kersul disse, na sessão reservada, que a Aeronáutica também considera a possibilidade de que os pilotos manusearam os manetes conforme foram treinados, e não como deveriam.
"Pode-se dizer que os equipamentos não funcionaram ou que o treinamento dos pilotos não foi suficiente. Ele [o manete] pode ter ficado um pouquinho fora e o computador não leu", teria dito Kersul.


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