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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/APURAÇÃO
Chefe da investigação quer localizar os manetes
Brigadeiro disse à CPI que respostas serão buscadas entre peças tiradas dos escombros
Na sessão reservada, segundo apurou a Folha, o brigadeiro disse considerar a hipótese de que o treino
dos pilotos foi insuficiente
ANDREZA MATAIS
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A comissão investigadora da
Aeronáutica vai procurar respostas para o acidente entre as
peças da aeronave que foram
retiradas dos escombros.
O brigadeiro Jorge Kersul,
chefe do Cenipa (Centro de
Prevenção e Investigação de
Acidentes Aeronáuticos), disse
que o objetivo principal é encontrar os manetes. A depender do estado em que estiverem, eles podem esclarecer se
houve erro do piloto ou se a falha foi mecânica.
"Conseguimos encontrar alguns instrumentos e os demos
à perícia, mas não me recordo
de manete", disse o capitão
Mauro Lopes, porta-voz do
Corpo de Bombeiros. Ele afirmou que a cabine foi a parte
mais avariada da aeronave.
Em reunião reservada da CPI
do Apagão Aéreo da Câmara,
Kersul confirmou informação,
revelada pela Folha, de que a
falha de operação do manete da
turbina direita é o principal fator contribuinte para o acidente, segundo a caixa-preta.
O que não se sabe é se o erro
foi do piloto, o que parece mais
provável a esta altura, ou se
houve defeito no mecanismo.
A caixa-preta de dados da aeronave indicou que na hora do
pouso um manete estava em
posição de aceleração e o outro
em "ponto morto". Ambos deveriam estar em ponto morto.
Kersul disse que não está
descartado, até mesmo, que
um "clipe ou um pedaço de papel" tenham caído no equipamento e prejudicado sua operação. Como exemplo, citou
um acidente com um Airbus no
exterior. As investigações revelaram que o piloto apoiou no
manete uma xícara de café que
deve ter derramado e provocado um curto-circuito.
A FAB também considera a
hipótese de que o piloto pode
ter colocado os manetes na posição correta, mas o computador de bordo ter interpretado a
informação de forma diferente.
Para deputados que acompanharam a reunião, no entanto,
a suspeita mais forte é que o piloto não encaixou corretamente os manetes.
A Folha apurou que Kersul
disse, na sessão reservada, que
a Aeronáutica também considera a possibilidade de que os
pilotos manusearam os manetes conforme foram treinados,
e não como deveriam.
"Pode-se dizer que os equipamentos não funcionaram ou
que o treinamento dos pilotos
não foi suficiente. Ele [o manete] pode ter ficado um pouquinho fora e o computador não
leu", teria dito Kersul.
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