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Deputados improvisam tradução da caixa-preta após problemas de áudio
Lula Marques/Folha Imagem
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A deputada Luciana Genro traduz os diálogos dos pilotos |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Surpreendidos pela revelação dos dados principais da caixa-preta do Airbus da TAM, feita pela Folha ontem, os deputados da CPI do Apagão Aéreo
fizeram da divulgação das informações um espetáculo de
queixas.
Houve de tudo. De romaria
ao cofre da CPI para "comprovar" que não havia vazado nada
e até votação para saber se deveriam abrir documentos que
eles haviam pedido à Aeronáutica com urgência de 48 horas.
O convidado do dia, brigadeiro Jorge Kersul, teve de esperar quase três horas para começar a falar. Antes disso, ouviu
queixas de deputados esclarecendo que eles não poderiam
ouvir os diálogos porque o software capaz de fazer a leitura só
é disponível nos Estados Unidos. "Quer dizer que trancamos nada no cofre desta Casa.
A Aeronáutica fez essa Casa de
palhaço", protestou Carlos Willian (PTC-MG).
O clima azedou mesmo
quando Kersul informou que a
transcrição da conversa entre
os pilotos estava em inglês,
porque a análise foi feita por
técnicos estrangeiros. "Os parlamentares não estão conseguindo se expressarem (sic)",
bradou o presidente em exercício da CPI, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), tentando
acalmar ânimos.
Os deputados foram socorridos pelos colegas bilíngües Luciana Genro (PSOL-RS) e Rocha Loures (PMDB-PR), que se
ofereceram para fazer a tradução simultânea.
Resolvido o problema, os deputados souberam que não era
possível imprimir o documento por se tratar de um arquivo
protegido. Então, projetaram
as informações na parede.
A leitura do documento calou a CPI. Ao ouvirem as últimas palavras dos pilotos, com o
desespero da situação, os deputados fizeram num acordo tácito um minuto de silêncio. Abatido, o brigadeiro Kersul ficou
com os olhos marejados. Mais
tarde, em audiência reservada,
disse que se fosse piloto hoje só
iria se comunicar com o co-piloto por meio de uma prancheta para não permitir que, em
caso de acidente, tudo seja divulgado.
(ANDREZA MATAIS e LEILA SUWWAN)
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