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Câmara custa duas vezes a arrecadação
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os repasses feito às Câmaras
Municipais das cidades de Porteirinha e Espinosa (norte de Minas
Gerais) superam em mais de duas
vezes a arrecadação própria dos
dois municípios. Apesar disso, dirigentes políticos das cidades dizem que não vão diminuir o repasse.
De acordo com dados de 1997
-que não se alteraram significativamente-, Porteirinha (cerca
de 40 mil habitantes) repassou à
Câmara R$ 358 mil, mais do que o
dobro da arrecadação tributária
daquele ano, que ficou em R$ 161
mil. A Câmara da cidade têm 15
vereadores que ganham, cada
um, R$ 1.000 por mês. "Nós repassamos estritamente o que a lei
manda", garante o prefeito Edilson Alves Vilas Boas (PSDB). Segundo ele, os dados passados por
sua tesouraria, que indicam o repasse à Câmara maior do que a receita tributária, "devem conter algum equívoco".
"A gente obedece a lei. Consultei o Tribunal de Contas do Estado quando assumi, em 1997, e até
tivemos de reduzir um pouco o
salário dos vereadores para cumprir todos os requisitos legais",
afirma. A Agência Folha não conseguiu entrar em contato com o
presidente da Câmara Municipal
de Porteirinha.
Em Espinosa -que também
tem cerca de 40 mil habitantes-,
o repasse à Câmara de Vereadores, em 1997, também representou mais do que o dobro da receita tributária do município naquele período. O repasse foi de R$ 288
mil contra R$ 125 mil de receita.
"Acho que é pouco", reclama o
presidente da Câmara, Laurindo
Fagundes Neto (PMDB), sobre o
salário dos 15 vereadores da cidade, que recebem, cada um, R$
1.000. Ele também afirma que o
repasse que a prefeitura faz para a
Câmara "não está acima da receita tributária do município". Segundo ele, o município "não desobedece nenhuma lei".
Emenda constitucional que entra em vigor em 1º de janeiro estabelece que municípios com até
100 mil habitantes (caso de Porteirinha e Espinosa) não poderão repassar à Câmara Municipal mais
do que 8% de sua receita (incluindo a arrecadação própria e as
transferências federais e estaduais).
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