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Quem for brasileiro que pegue balde e escovão!
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Não há como negar. Os paraguaios tem lá seus motivos
para não ir com a nossa cara.
Entre 1864 e 1870, o duque de
Caxias e o almirante Tamandaré, que nós temos a pachorra
de chamar de heróis, promoveram uma carnificina que dizimou dois terços da população
masculina do Paraguai.
Temos culpa no cartório,
sim. Mas até o mais justo dos
revides tem seu dia para terminar. E a data de validade da
vingança paraguaia já deveria
ter expirado faz tempo.
Se o Mercosul é motivo de riso entre aqueles que praticam
e respeitam as leis de comércio
internacional é porque dele faz
parte o Paraguai.
Você por ventura seria sócio
de um contrabandista, de um
ladrão de automóveis ou de
um falsificador? Nem pensar,
não é mesmo? Mas o governo
do seu país é.
Estima-se que, no ano passado, a indústria fonográfica
brasileira tomou uma tunga de
US$ 400 milhões em razão dos
CDs de artistas nacionais pirateados na China e desovados
no mercado via Paraguai.
E o que dizer do mercúrio
cromo paraguaio que ingerimos sob a ilusão de que estamos tomando uísque escocês?
Será exagero afirmar que de
cada três garrafas de uísque
importado que o consumidor
encontra nas casas noturnas
da cidade ao menos uma é de
legítimo malte paraguaio?
E os carros importados? Estaria esta humilde datilógrafa
cometendo uma tremenda injustiça se dissesse que cerca de
50% dos veículos estrangeiros
roubados todos os dias das
ruas de nossas cidades acaba
dentro de algum caminhão
com destino à terra das sentimentais guarânias?
É claro que relógios falsificados, quinquilharias eletrônicas
pirateadas porcamente, dólares falsos e cocaína não entram
no Brasil exclusivamente pela
ponte da Amizade.
Mas já que o presidente Fernando Henrique está a um
passo de encerrar o capítulo
reeleição, que tomou boa parte
de seu tempo produtivo nos últimos quatro anos, que tal se
agora a gente aproveitasse a
onda de corte de despesas para
fiscalizar com maior rigor o
vaivém da fronteira com o nosso vizinho problemático?
Já que a faxina é a ordem do
dia, que se comece por lavar a
calçada na frente de casa.
Aposto como o Michel Camdessus e os amiguinhos dele serão os primeiros a elogiar o
aroma de Pinho Sol.
QUALQUER NOTA
Não entendi
Se Paulo Maluf é "o bem contra
o mal", como diz a musiquinha
da propaganda eleitoral, por que
será que a irmã dele, dona Nelly,
diz para quem quiser ouvir que vai
votar no Mário Covas?
Charlie Brown
O Schroeder virou chanceler na
Alemanha? Será que isso quer dizer que a Lucy Van Pelt vai ser a
primeira-dama?
Mesma ginga
Um leitor escreve para dizer que
o candidato Oscar Schmidt está
cada dia mais parecido com o Hermann Monstro. Concordo. Só faltam os pinos no pescoço.
Ói nóis aí!
Cante comigo, torcedor que já
tinha perdido as esperanças: Agora quem dá bola é o Santos...
E-mailbarbara@uol.com.br
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