São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quem for brasileiro que pegue balde e escovão!

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Não há como negar. Os paraguaios tem lá seus motivos para não ir com a nossa cara. Entre 1864 e 1870, o duque de Caxias e o almirante Tamandaré, que nós temos a pachorra de chamar de heróis, promoveram uma carnificina que dizimou dois terços da população masculina do Paraguai.
Temos culpa no cartório, sim. Mas até o mais justo dos revides tem seu dia para terminar. E a data de validade da vingança paraguaia já deveria ter expirado faz tempo.
Se o Mercosul é motivo de riso entre aqueles que praticam e respeitam as leis de comércio internacional é porque dele faz parte o Paraguai.
Você por ventura seria sócio de um contrabandista, de um ladrão de automóveis ou de um falsificador? Nem pensar, não é mesmo? Mas o governo do seu país é.
Estima-se que, no ano passado, a indústria fonográfica brasileira tomou uma tunga de US$ 400 milhões em razão dos CDs de artistas nacionais pirateados na China e desovados no mercado via Paraguai.
E o que dizer do mercúrio cromo paraguaio que ingerimos sob a ilusão de que estamos tomando uísque escocês? Será exagero afirmar que de cada três garrafas de uísque importado que o consumidor encontra nas casas noturnas da cidade ao menos uma é de legítimo malte paraguaio?
E os carros importados? Estaria esta humilde datilógrafa cometendo uma tremenda injustiça se dissesse que cerca de 50% dos veículos estrangeiros roubados todos os dias das ruas de nossas cidades acaba dentro de algum caminhão com destino à terra das sentimentais guarânias?
É claro que relógios falsificados, quinquilharias eletrônicas pirateadas porcamente, dólares falsos e cocaína não entram no Brasil exclusivamente pela ponte da Amizade.
Mas já que o presidente Fernando Henrique está a um passo de encerrar o capítulo reeleição, que tomou boa parte de seu tempo produtivo nos últimos quatro anos, que tal se agora a gente aproveitasse a onda de corte de despesas para fiscalizar com maior rigor o vaivém da fronteira com o nosso vizinho problemático?
Já que a faxina é a ordem do dia, que se comece por lavar a calçada na frente de casa.
Aposto como o Michel Camdessus e os amiguinhos dele serão os primeiros a elogiar o aroma de Pinho Sol.

QUALQUER NOTA

Não entendi Se Paulo Maluf é "o bem contra o mal", como diz a musiquinha da propaganda eleitoral, por que será que a irmã dele, dona Nelly, diz para quem quiser ouvir que vai votar no Mário Covas?

Charlie Brown O Schroeder virou chanceler na Alemanha? Será que isso quer dizer que a Lucy Van Pelt vai ser a primeira-dama?

Mesma ginga Um leitor escreve para dizer que o candidato Oscar Schmidt está cada dia mais parecido com o Hermann Monstro. Concordo. Só faltam os pinos no pescoço.

Ói nóis aí! Cante comigo, torcedor que já tinha perdido as esperanças: Agora quem dá bola é o Santos...

E-mailbarbara@uol.com.br



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.