São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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CRIME
Presos em Sergipe, suspeitos integrariam quadrilha internacional; polícia pede auxílio da Interpol para investigar caso
PF prende grupo acusado de clonar celulares

EUGÊNIO NASCIMENTO
em Aracaju

A Polícia Federal prendeu na noite de anteontem em Aracaju (SE) o palestino Rateb A. M. Abuibaid e duas mulheres brasileiras, cujos nomes não foram revelados. Eles são acusados de integrar uma quadrilha internacional de clonagem de celulares no Brasil.
A quadrilha, segundo o delegado Kércio Silva Pinto, teria como ponto de origem a Itália e ramificações no Canadá, China, Costa do Marfim, Israel e países da Europa.
"É um esquema muito grande e por isso pedimos hoje (ontem) o apoio da Interpol nas investigações", disse Pinto.
Antes de se estabelecer em Sergipe, a quadrilha teria atuado em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, Estados de origem dos telefones clonados e que estavam sendo usados na base de Aracaju.
Os três detidos teriam montado uma central telefônica em uma casa do bairro Atalaia, na zona sul de Aracaju, para operar o sistema.
Segundo o delegado Kércio Pinto, Abuibaid pegava números de telefones já existentes no sistema de telefonia celular e os adotava em outros aparelhos.
Como o novo celular não estava cadastrado, as ligações, a maioria internacionais, eram registradas nas contas dos titulares das linhas.
"De posse do número dos aparelhos que queriam usar, o grupo adotava a linha para uso comercial internacional, normalmente entre a 1h e as 13h, por causa dos fusos horários. Eles controlavam 18 aparelhos celulares e nove convencionais, além de uma pequena rede de computadores", disse.
Kércio Pinto disse que na Itália é normal a criação de mesas operadoras de telefonia para a prestação de serviços. "Mas aqui no Brasil isso é proibido, principalmente, fazendo uso de linhas que têm usuários legais. É isso que eles terão de explicar para a Justiça".
A fixação da quadrilha no Brasil, conforme a Polícia Federal, teria sido motivada pelo baixo custo da telefonia no país.
O delegado Kércio Pinto disse que, com a mesa operadora no Brasil, as pessoas ligadas a esse serviço da quadrilha pagavam taxas pequenas na Itália, e o dono da linha pagava pelo serviço no Brasil.
A PF e a Telergipe Celular ainda não calcularam os prejuízos causados aos donos dos celulares no Brasil, mas suspeitam que a soma seja muito elevada porque o serviço da gangue era mantido em sistema 24 horas e as ligações internacionais são mais caras que as locais.
No início da noite de ontem, o juiz federal Edmilson Pimenta, convocou Abuibaid para depor.
O delegado Kércio Silva Pinto disse que Abuibaid e seu advogado pediram para evitar o acesso da imprensa aos presos. Eles estão detidos na sede da PF em Aracaju.



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