São Paulo, Quinta-feira, 02 de Dezembro de 1999


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LEGISLATIVO
Sem o apoio do partido, emenda constitucional não deve ser aprovada este ano
PFL rejeita vincular verba à saúde

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

A bancada do PFL no Senado decidiu ontem, por unanimidade, votar contra a PEC (proposta de emenda constitucional) que vincula recursos da União, dos Estados e dos municípios à saúde.
Por causa das dificuldades políticas, praticamente não há mais chance de a emenda ser aprovada neste ano, apesar dos apelos do ministro José Serra (Saúde). Ela teria de ser aprovada neste ano para entrar em vigor em 2000.
Aprovada em segundo turno pela Câmara em 10 de novembro, a proposta ainda nem começou a tramitar no Senado. Já havia sido designado relator na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), encaminhou expediente pedindo para reexaminar a emenda.
O que a bancada do PFL fez ontem foi apenas ratificar decisão tomada no início do ano. Os senadores haviam decidido se posicionar contra qualquer proposta de vinculação orçamentária, independentemente da área.
Na reunião da bancada, ACM lembrou que o então deputado José Serra (PSDB-SP), durante a elaboração da Constituição de 88, era contra qualquer vinculação orçamentária.
O presidente do Senado disse ontem que as vinculações "atrapalham os governadores dos Estados, que ficam com o orçamento engessado".
A emenda estabelece que os Estados invistam, em 2000, 7% de seus orçamentos em saúde. Em 2004, esse percentual teria de chegar a 12%.
Já os municípios teriam de investir pelo menos 7% de suas receitas na área no ano que vem e, em 2004, teriam de estar investindo 15%.
A União ficaria obrigada a destinar à saúde, a partir de 2001, o mesmo valor gasto no ano 2000, acrescido da variação do PIB (Produto Interno Bruto) nominal (a taxa de crescimento econômico do país no ano, incluindo a inflação do período).
Se a emenda fosse aprovada neste ano, o governo federal teria de destinar em 2000 cerca de R$ 22,5 bilhões à saúde, 5% a mais do que foi gasto em 99.
Ontem, o ministro José Serra disse que iria averiguar a decisão da PFL, pois ainda não sabia do fato. "Estou preocupado com a PEC da saúde", disse Serra.
O PMDB e o PSDB não tomaram posição partidária a respeito da PEC da saúde.
Para uma emenda ser aprovada, precisa ter três quintos dos votos do total dos senadores a favor (49). Só o PFL tem 21 dos 81 senadores.



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