São Paulo, Quinta-feira, 02 de Dezembro de 1999


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VIVENDO MAIS
Número de pessoas mais velhas pode chegar a 25 milhões
Expectativa de vida no país cresce de 66 para 68 anos

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

A expectativa de vida do brasileiro aumentou de 66 anos, em 1991, para 68,1 anos, divulgou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com isso, o instituto estima que a população acima de 60 anos de idade deve mais que dobrar até 2020.
Isso significa também que a camada em idade economicamente ativa (acima de 10 anos, para fins oficiais) aumentará em, pelo menos, 30 milhões de pessoas nesse período. Atualmente, o mercado de trabalho já não tem mostrado crescimento compatível com o aumento da população.
Segundo dados do IBGE divulgados ontem, o contingente "velho" da população vai passar de 25 milhões de pessoas em 2020, ou 12% da população total, contra 7,6% (ou 12,45 milhões) em 98.
Os jovens brasileiros com menos de 15 anos, que já foram quase metade da população nos anos 40 (42%), representarão apenas 24% em 2020, segundo o instituto.
O IBGE apurou ainda um maior controle da mortalidade infantil e a redução no número de filhos gerados por mulher.
A esperança de vida atual do brasileiro ainda está abaixo dos padrões dos países desenvolvidos, como Japão e Canadá, onde a longevidade da população ultrapassa 75 anos. Mas, no Brasil, alguém nascido nos anos 50 tinha uma esperança de vida estimada, na média, em 43,3 anos.
O IBGE projeta que a expectativa de vida no país deva passar de 70 anos em 2020. A expectativa de vida vai se reduzindo com a idade. Um adulto de 60 anos que queira se aposentar hoje, por exemplo, tem mais 17,6 anos de vida, em média, estimada.
É esse tempo de vida que entra no cálculo do fator previdenciário para o tempo de aposentadoria do trabalhador brasileiro.
O Brasil também avançou na redução do índice de mortalidade infantil, informa o IBGE. Para cada mil crianças nascidas no ano passado, 35,87 morriam antes de completar 1 ano de vida. Sete anos antes (91), a relação era de 44 óbitos para mil nascimentos.
A proporção atual ainda é de "envergonhar", segundo Luiz Antônio de Oliveira, chefe do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE. "O país ainda tem muito o que avançar nessa área, mas a tendência é declinante", disse. Nos anos 80, esse índice chegava a 83,79 óbitos; nos 70, a 113,85 mortes.
A onda jovem da população também está perdendo a força porque as brasileiras estão tendo menos filhos. Se, no início da década, a média era de 2,85 filhos por mulher, a projeção do IBGE para o próximo ano é de 2,3, tendendo a 2,14 em 2020.
Em muitos países europeus, os nascimentos já estão abaixo do nível de reposição -quando um casal tem menos de dois filhos. Segundo o técnico do IBGE, é cedo para saber se o brasileiro tende ao mesmo comportamento.
"É infundado dizer que as famílias pobres estão cheias de filhos", afirmou. "Não digo que o país não esteja assolado por doenças, mas causas mais prosaicas para a mortalidade infantil, como a diarréia, estão mais controladas."



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