São Paulo, Quinta-feira, 02 de Dezembro de 1999


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NE tem mortalidade de América Central

da Sucursal do Rio

Os dados divulgados ontem pelo IBGE demonstram que as disparidades sociais entre as regiões do país permanecem grandes. Na mortalidade infantil, por exemplo, o Nordeste continua muito pior que o resto do país.
Enquanto a média nacional foi de 35,87 mortes por 1.000 nascimentos em 98, no Nordeste o índice atingiu 54,47 -padrão comparável ao dos países pobres da América Central, segundo técnicos do IBGE.
Nas demais regiões, a proporção de óbitos por 1.000 nascimentos varia de 23,42 (Sul) a 33,79 (Norte).
As discrepâncias entre Sul e Nordeste devem continuar pelos próximos 20 anos. Segundo as projeções do instituto, em 2020, o índice de mortalidade infantil no Nordeste será de 41,15 por 1.000 nascimentos, contra 18,17 no Sul.
Localidades do Nordeste chegaram a registrar índices africanos de mortalidade infantil, de até 300 mortes por 1.000 nascimentos, segundo os técnicos do instituto.
Nos anos 50 e 60, diz o IBGE, metade dos óbitos registrados na região Nordeste era explicada pela mortalidade infantil.
O Centro-Oeste nunca teve um nível elevado de mortalidade infantil devido ao perfil econômico da região -forte em cultura de subsistência, explica o IBGE. Ou seja, é mais fácil uma criança pobre morrer de inanição no Nordeste do que no Centro-Oeste.
O presidente do instituto, Sérgio Besserman, diz que a instrução da mãe também influencia no índice de mortalidade infantil: quanto menos anos de estudo regular, maior o número de mortes precoces entre os filhos.
Dos anos 80 para os 90, o país todo experimentou visíveis reduções no índice de mortalidade. O índice caiu quase à metade: baixou de 83,79 para 44,72 por 1.000 nascidos vivos.
Começaram então a receber mais ênfase as campanhas de vacinação e de utilização do chamado soro caseiro.
Um índice de mortalidade considerado quase inato à reprodução humana é o japonês, onde morrem quatro crianças para cada 1.000 nascimentos, de acordo com o IBGE.

Vive-se mais no Sul
O Sul lidera em expectativa de vida. Lá, o brasileiro, ao nascer, pode esperar viver, em média, 70,57 anos -nível que o país todo não deverá atingir nem em 2020, quando a expectativa de vida será de 70,37, segundo projeções feitas pelo IBGE.
O Nordeste tem a menor esperança de vida (65,14 anos), mas a diferença apurada para as demais regiões está muito menor do que a que foi constatada nos anos 70. Naquela década, o nordestino ao nascer podia esperar viver apenas 43 anos.
A evolução ocorrida nas últimas décadas é uma boa notícia que não deve ter reprises da mesma grandeza. A tendência daqui para diante é que haja avanços menores na expectativa de vida do brasileiro, porque o padrão atual já é considerado alto, de acordo com o instituto.



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