|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Percentual varia conforme população; emenda também fixa teto para salário de vereador
Aprovado limite de gasto para Câmaras
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
O Senado aprovou em segundo
turno, por 72 votos a 2, a PEC
(Proposta de Emenda Constitucional) que impõe limites de gastos para as Câmaras Legislativas
Municipais. Com a emenda, elas
só poderão consumir entre 5% e
8% da receita tributária do município (receita própria somada aos
repasses da União e do Estado). O
texto agora será promulgado.
A emenda dispõe, também, sobre a relação financeira entre prefeitos e vereadores. Estabelece
que o prefeito pode responder
por crime de responsabilidade se
repassar seja mais, seja menos, ou
não repassar ou transferir com
atraso os recursos das Câmaras.
De acordo com o decreto-lei
201, as penas previstas variam de
impeachment a prisão.
O senador Jefferson Peres
(PDT-AM), relator do projeto,
afirma que a emenda vai acabar
com chantagens que acontecem
entre prefeitos e vereadores envolvendo repasses de recursos.
Ele afirmou que, muitas vezes, o
prefeito negocia repasses de acordo com seus interesses. "Se for
contrariado pelos vereadores, ele
(prefeito) repassa menos recursos
ou atrasa o repasse."
O percentual de repasse previsto varia de acordo com o número
de habitantes. Quanto mais populosa for a cidade, menor deve ser o
percentual da receita destinado à
Câmara.
Níveis
Foram criados quatro níveis de
percentuais. Nos municípios com
até 100 mil habitantes, a despesa
com a Câmara pode chegar a até
8% da receita. Naqueles com população entre 100 mil e 300 mil, o
gasto deve ser de, no máximo,
7%; entre 300 mil e 500 mil pessoas, 6% e em cidades com mais
de 500 mil moradores, 5%.
Esses tetos incluem desembolso
com subsídios dos vereadores. A
PEC já tinha sido aprovada no Senado, mas, quando tramitou na
Câmara dos Deputados, sofreu
modificações e teve de voltar para
ser apreciada pelos senadores.
No projeto original, do senador
Esperidião Amim (PPB-SC), os
tetos iam de 7% a 3%. A mudança
promovida na Câmara, na opinião de Peres, "foi para pior",
porque muitos municípios, como
São Paulo, gastam menos que 5%,
a alíquota mais baixa da emenda.
O senador não acredita, no entanto, que a emenda vá provocar
aumento de gastos nas Câmaras
das cidades grandes.
"Nessas cidades, principalmente, há a imprensa, a opinião pública e a resistência do prefeito para
barrar o aumento nos gastos e
não há clima para aumentar despesas."
Salários de vereadores
Outro ponto da emenda é a fixação de "subtetos" para as remunerações dos vereadores, que variam também de acordo com a
população. Nesse caso, são criadas seis faixas.
Atualmente, os subsídios dos
vereadores (que incluem salário
mais verbas de gabinete) podem
chegar a 75% dos valores pagos
aos deputados estaduais, não importando o tamanho da cidade.
Segundo a emenda, o limite de
75% só poderá ser aplicado em
municípios com mais de 500 mil
habitantes.
Nas cidades com até 10 mil moradores, o vereador poderá receber de subsídio até 20% da remuneração do deputado estadual;
naquelas com até 50 mil moradores, 30%. Em municípios com até
100 mil pessoas, o percentual máximo será de 40%; nos com até
300 mil, 50% e naqueles com população até 500 mil, 60%.
Folha de pagamento
A emenda aprovada também
estabelece que as Câmaras Municipais não poderão gastar com folha de pagamento mais de 70% de
sua despesa.
Segundo o senador Péres, a
emenda está criando esse limite
da receita que pode ser gasto com
as Câmaras Municipais, algo que
não existe hoje em dia.
Atualmente, de acordo com Péres, só existem limites para os gastos com salários e subsídios dos
vereadores.
A emenda entra em vigor em 1º
de janeiro de 2001.
Texto Anterior: Senado quer agilizar aprovação da PEC Próximo Texto: Pesquisa: 5% das vagas de censo serão de deficientes Índice
|