São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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Prova do ensino médio pode ter distorções

SIMONE CAVALCANTI
da Sucursal de Brasília

O primeiro Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que acontece no dia 30 de agosto e será realizado em 178 municípios, pode começar com algumas distorções. Enquanto três Estados vão financiar a taxa de inscrição da prova (R$ 20) para todos os alunos da rede pública estadual, três irão bancar os custos para parte dos estudantes e 20 Estados não pagarão.
As secretarias de Educação dos Estados de Pernambuco, de Minas Gerais e de Santa Catarina vão pagar a taxa para 12 mil, 30 mil e 1.000 alunos, respectivamente.
O MEC (Ministério da Educação) não informou quais os critérios de seleção para os estudantes que receberão o benefício.Os Estados do Maranhão, Paraná e Rio de Janeiro assumiram o pagamento para todos os alunos que estão terminando o segundo grau neste ano e queiram fazer o teste.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) afirmou que os resultados dos exames não serão divulgados abertamente e não haverá análise comparativa de desempenho entre os Estados.
Para ele, a avaliação tem como objetivo medir o grau de conhecimento dos alunos e suas habilidades de raciocínio para lidar com problemas cotidianos. Caso o estudante queira, ele poderá usar o resultado do exame para anexar ao currículo quando for ingressar no mercado de trabalho.
Diferente do "Provão", exame obrigatório para alunos de alguns cursos de ensino superior, o Enem será voluntário.
A prova deverá conter 63 questões divididas em três partes com 21 perguntas cada, além de uma quarta parte que inclui redação.
Segundo o ministro, a prova tem como objetivo aumentar o grau de importância da habilidade e competência básica que o aluno deve ter adquirido durante o curso.
Ou seja, o Enem visa avaliar qual é a capacidade do estudante de resolver problemas práticos e a capacidade de raciocínio abstrato, sem ficar preso aos conteúdos básicos curriculares.
"O principal objetivo é abrir os horizontes e não especializar os alunos", disse.
De acordo com o ministro, o exame também poderá ser mais uma alternativa para o ingresso do estudante na universidade. "Algumas universidades já consentem que o aluno use o resultado do exame para eliminar a primeira fase do vestibular."
A expectativa do MEC é que aproximadamente 400 mil alunos façam a prova.
Esse número corresponde a um terço dos concluintes do segundo grau neste ano no Brasil, que somam 1,2 milhão. Os interessados em participar do exame poderão fazer inscrições de 15 a 26 de junho nas agências do Banco do Brasil.



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