São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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Viagra diagnostica impotência

RODRIGO VERGARA
enviado especial a San Diego (EUA)

O Viagra transformou-se em um dos principais métodos de diagnóstico da impotência sexual embora tenha sido criado para tratar a doença.
O medicamento está sendo utilizado com essa função por médicos de todo o mundo e foi recomendado por um dos maiores especialistas em impotência dos EUA, o urologista Ton Lue, professor da Universidade de San Francisco.
Lue apresentou suas impressões sobre o medicamento como diagnóstico ontem, em um debate no 93º Encontro da Associação Norte-Americana de Urologia, que ocorre em San Diego, Califórnia.
O Viagra está sendo usado para descartar problemas vasculares que possam obstruir o fluxo de sangue para o pênis.
Antes do surgimento da pílula, esse tipo de diagnóstico só podia ser feito por meio de métodos mais agressivos ou mais caros, como injeções de prostaglandina no pênis, que induzem a ereção, ultra-sonografia arterial, ou aparelhos que medem a rigidez durante as ereções noturnas (Rigiscan).
Segundo a Pfizer, fabricante do Viagra, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 14% dos casos de impotência, pelo menos nos 4.500 homens analisados na fase de pesquisa do medicamento.
"Não vejo nenhum problema em prescrever o remédio para um paciente que se queixa de impotência para verificar se ele tem problemas vasculares", disse Lue.
Ele, no entanto, diz que, ainda assim, o medicamento deve ser precedido por testes que indiquem se o remédio pode ser usado pelo paciente. "O histórico do paciente é importante. Além disso, não sabemos qual o efeito do Viagra em uso prolongado."
A Pfizer, empresa fabricante do Viagra, diz que os últimos estudos apresentaram os mesmos resultados quanto a efeitos colaterais: 16% dos pacientes têm dor de cabeça, 10% apresentam rubor nas faces e 3%, alterações na visão.
A empresa anunciou que continua fazendo testes de longo prazo e pesquisas sobre o tratamento de disfunções sexuais em mulheres.
Sobre as seis mortes de usuários do Viagra que estão sendo investigadas pelo FDA (órgão do governo dos EUA que controla os medicamentos), há evidências de que pelo menos duas delas foram causadas pelo uso do remédio combinado com medicamentos à base de nitratos, disse anteontem J. Feczko, diretor da Pfizer.



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