São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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Vantagem de exame de próstata não é evidente

do enviado especial

Os benefícios de exames periódicos para detecção precoce de câncer de próstata não são tão evidentes quanto parecem, na opinião do urologista Steven Woolf, professor da Universidade da Comunidade Britânica da Virgínia.
A necessidade do exame foi tema do principal debate, anteontem, do 93º Encontro da Associação Norte-Americana de Urologia.
Para Woolf, um dos participantes do encontro, os exames de detecção precoce não podem ser recomendados para todos os homens a partir de uma certa idade, como ocorre nos Estados Unidos.
"Depois de um teste, seja de sangue ou de toque retal, o paciente terá que passar por testes que causam dor e possibilitam aparecimento de infecções e sangramentos, tudo isso para confirmar um tumor que em muitos casos não se desenvolve ou não causa prejuízos à saúde", diz ele.
Somado a esses custos, está o risco de o tratamento, por meio de uma cirurgia de próstata, em último caso, resultar em impotência ou incontinência urinária.
"Isso significa uma forte queda na qualidade de vida do homem. E se esse paciente não desenvolvesse o câncer? Estamos tirando parte de sua qualidade de vida a troco de quê?"
Mas há a chance de o câncer se desenvolver e, nesse caso, isso pode significar a morte do paciente.
Woolf diz que os testes de detecção do câncer e as cirurgias de próstata continuam sendo feitos, mas não há nenhum estudo, até hoje, provando que a detecção precoce realmente aumenta a longevidade do paciente.
"As estatísticas de longevidade de pacientes cujos cânceres foram detectados são excitantes, mas podem ser enganosas. Um homem que detecta o câncer aos 50 anos vive mais dez anos, enquanto outro que identificou a doença aos 55 viveu só cinco anos mais. Mas os dois viveram até os 60 anos."
Apesar das palavras, Woolf não é contra o exame de detecção. "Eu apenas defendo que o médico deve apresentar todos os riscos que a detecção envolve. Quando mostro esses dados aos meus pacientes, muitos deles preferem não fazer o exame e eu os respeito."



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