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SAÚDE
Leonildo de Oliveira morreu 11h depois de chegar a posto de saúde para marcar consulta
Aposentado tem infarto em fila e morre
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
O aposentado Leonildo Antonio
de Oliveira, 74, morreu às 15h de
anteontem na sala de emergência
do PS Santana (zona norte de São
Paulo), após sofrer um infarto e
passar por uma via-crúcis de 12
horas, que incluiu um ambulatório estadual, um pronto-socorro e
um hospital municipais.
Oliveira teve o infarto enquanto
esperava numa fila, às 4h de anteontem, a abertura do posto de
saúde estadual Maria Zélia, no Catumbi (zona sudeste), onde queria
marcar uma consulta ambulatorial para tratar de seu diabetes.
Ele havia chegado ao posto às
3h30, meia hora depois de ter saído de sua casa, na Vila Ede (zona
norte), levado pelo genro, o motorista João Antonio Calderari.
Na fila do posto, formada nas
imediações do ambulatório, Oliveira teve a companhia do neto
Ronaldo, 14, que ligou para casa
assim que o avô passou mal.
"Cheguei às 4h30, ele estava caído no chão, parecia um mendigo,
mas ele havia saído de casa bonzinho", lembra o genro.
Oliveira foi levado até o PS Santana, na zona norte, onde chegou
às 5h e foi diagnosticado o infarto.
Segundo Calderari, funcionários
do PS começaram a ligar para hospitais e avisaram a família, por
volta das 7h, que havia uma vaga
no Hospital do Tatuapé.
"Minha mulher, um médico e
uma enfermeira o levaram de ambulância até o hospital, onde disseram que devia ter ocorrido um
engano, pois não havia vaga lá."
Segundo o motorista, o aposentado foi levado de volta ao PS Santana, onde chegou por volta das
8h, permanecendo na sala de
emergência até as 15h, onde morreu. Oliveira foi enterrado às 13h
de ontem no Cemitério Primaveras 2, em Guarulhos.
Calderari afirma, que por falta
de dinheiro, a família não processará o Estado ou o município pelo
que considerou um descaso.
"Resolvemos denunciar o caso
para mostrar o quanto isso é triste.
Ele pagou o INPS a vida toda para
depois ficar numa fila dessas e
morrer sofrendo", diz Calderari.
Usuários reclamam
Usuários do posto de saúde Maria Zélia ouvidos pela Folha ontem
reclamaram da fila para a marcação de consultas, a mesma na qual
o aposentado Oliveira passou mal.
A costureira Anélia do Carmo,
51, chegou às 5h da última quinta-feira para marcar uma consulta
com um otorrino e saiu do ambulatório às 8h30 com consulta marcada para as 15h de terça-feira.
"Quando cheguei na fila (4h30)
já tinha umas 300 pessoas na minha frente." A direção do posto
afirma estar aplicando medidas para diminuir as filas na madrugada.
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