São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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Polícia volta ao local onde jornalista foi morto

DA SUCURSAL DO RIO

No dia em que a morte do jornalista Tim Lopes completou um mês, a Polícia Civil do Rio voltou a fazer buscas na favela Vila Cruzeiro (zona norte da cidade) na tentativa de capturar o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, apontado como o principal responsável pelo crime.
A operação de ontem, que contou com cerca de 60 policiais de cinco delegacias, fracassou. Não houve apreensões de armas nem de drogas. Quatro suspeitos foram detidos, mas acabaram soltos por falta de provas.
O inspetor Daniel Gomes, da 22ª Delegacia de Polícia, que coordenou a operação, disse que recebeu a informação de que Elias Maluco e três membros de sua quadrilha estariam na favela.
Dos oito suspeitos de ter participado do crime, a polícia informou que já conseguiu prender quatro.

DNA
É aguardada para esta semana a divulgação do exame de DNA nas sete ossadas encontradas no cemitério clandestino no alto da favela da Grota, no complexo do Alemão (zona norte).
O chefe da Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira, sustenta que uma delas é do jornalista.
Lopes desapareceu na noite do dia 2 de junho quando fazia uma reportagem para a Rede Globo sobre um baile funk na Vila Cruzeiro, onde haveria consumo de drogas e sexo explícito praticado por menores de 18 anos. Segundo a polícia, ele foi capturado e morto pelo bando de Elias Maluco.

Ato
Um ato ecumênico foi celebrado ontem na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no centro do Rio, para lembrar um mês do assassinato do jornalista.
O ato também teve o objetivo de protestar contra o fato de a polícia ainda não ter conseguido localizar o corpo de Lopes nem prender os responsáveis pelo crime.
Para Nacif Elias Hidd Sobrinho, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio, "é incompreensível" a lentidão nas investigações. "Se você sabe quem são eles [os responsáveis", por que não se prendeu ainda esse bando?"
Em discurso, o presidente da ABI, Fernando Segismundo, caracterizou a celebração como um "ato de protesto". "Não queremos vinganças primitivas -olho por olho, dente por dente. Queremos que os bandidos sejam presos e julgados", afirmou.
A viúva de Lopes, Alessandra Wagner, 34, leu um breve texto em que pedia que os 170 milhões de brasileiros que torceram pela seleção voltem às ruas para "exigir justiça; para clamar por paz".
Também participaram a mãe do jornalista, Maria do Carmo Lopes do Nascimento, e a ex-mulher, Sandra Quintella.



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