São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Governo elogia diretor de presídio que confinou presos

Elogio a Araraquara está em resolução oficial de SP

GUILHERME CAMPOS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O governo do Estado elogiou oficialmente, por meio de resolução, servidores e o diretor da Penitenciária de Araraquara, Roberto Medina, pela atuação após a rebelião de junho de 2006, que destruiu o presídio, provocou o confinamento de 1.400 detentos onde cabiam 160 e levou o Brasil ao banco dos réus da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
O elogio oficial veio em resolução assinada pelo secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, no dia 19 de junho, um ano após o motim liderado pelo PCC.
O texto "concede elogio ao bacharel Roberto Medina, diretor-geral da Penitenciária de Araraquara", e aos servidores daquela unidade pelo "seu elevado espírito público, lealdade e dedicação, nos momentos angustiantes que se sucederam, por longo período, à rebelião". A resolução completa que os servidores, "com igual dedicação, levaram a bom termo a missão que lhes foi atribuída".
Após a rebelião, a direção do presídio mandou confinar os presos em um único pavilhão, que não comportava nem 10% dos detentos. As portas do local foram lacradas, e alimentos e medicamentos eram entregues aos presos por meio de cordas lançadas pelo teto.
A ida a julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos foi motivada após denúncias de entidades de direitos humanos, além do Ministério Público Estadual.
No final, o órgão baixou resolução com 11 recomendações para o governo restituir os direitos básicos dos presos.
Segundo Roberto Fiori, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Araraquara, o elogio ao diretor e aos funcionários é mais do que bem-vindo. "O que levou o Brasil a ser condenado foi a falta de capacidade do Estado em resolver a situação. O diretor do presídio não tinha como resolvê-la sozinho." Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária não quis se manifestar.


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