São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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NA JUSTIÇA
Empresa de coleta de lixo afirma que dava R$ 15 mil por mês a fiscais da regional comandada por Viscome
Enterpa diz que pagava propina na Penha

da Reportagem Local

Dois funcionários da Enterpa Ambiental, empresa de coleta de lixo, afirmaram ontem em depoimento à Justiça que pagavam R$ 15 mil mensais de propina a administradores regionais da Penha (zona leste de São Paulo).
O pagamento, segundo a empresa, era feito para que os administradores enviassem as planilhas de varrição para a Secretaria das Finanças, que com isso liberaria o pagamento devido à empresa.
A Administração Regional da Penha era controlada politicamente pelo ex-vereador Vicente Viscome (expulso do PPB), que está preso e teve seu mandato cassado na segunda-feira pela Câmara de SP.
Os dois funcionários que prestaram depoimento ontem, Roberto Rocha e José Luís de Araújo, afirmaram ao juiz Rui Porto, da 8ª Vara Criminal, desconhecer o envolvimento de Viscome no esquema. Eles disseram que davam o dinheiro ao fiscal Pedro Antônio Saul, que o passava ao regional. Dois ex-regionais foram citados como receptadores da propina: Eufrásio Meira e Oswaldo Morgado.
Saul, Meira e Morgado já foram indiciados sob acusação de concussão e formação de quadrilha, mas não estão presos. Eles não foram achados para comentar as declarações feitas ontem à Justiça.
Outras sete pessoas foram ouvidas ontem, último dia de depoimentos de acusação na Justiça. No total, foram ouvidas 23 pessoas na acusação do esquema da Penha.
O vereador Cosme Lopes (PPB) e dois empresários que comandam a empresa Panco negaram em seus depoimentos o pagamento de propina para a liberação de uma obra irregular na Penha.
Os outros depoimentos foram de donos de bancas de jornal e de frutas que confirmam ter pago propina a fiscais da Penha para manter seus negócios. Mas eles também afirmaram que não conhecem o ex-vereador Viscome.
Para o advogado de Viscome, Ademar Gomes, os depoimentos evidenciaram que seu cliente é inocente. "23 pessoas foram ouvidas e nenhuma incriminou o Vicente."
Mas, para o Ministério Público, os depoimentos reforçam a tese de que havia um esquema comandado por Viscome na Penha.
A partir de sexta-feira da próxima semana, 72 pessoas podem ser ouvidas como testemunhas de defesa dos nove réus do caso da máfia da propina na Regional da Penha.
O número pode cair para 64, pois o advogado de defesa do ex-vereador Vicente Viscome, Ademar Gomes, pode desistir de convocar as oito testemunhas a que tem direito. "Como ninguém acusa o Vicente de irregularidades, não vejo motivo para convocar testemunhas de defesa", afirmou o advogado. (OC)


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