São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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MORTE NA PISCINA
Por falta de provas, estudante suspeito de participação em morte de calouro foi liberado sem ter sido indiciado
Aluno da USP é libertado após 5 dias preso

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O estudante de medicina da USP Frederico Carlos Jana Neto, o Ceará, foi libertado ontem, depois de passar cinco dias preso em São Paulo para investigação de sua suposta participação na morte do calouro Edison Hsueh. Por falta de provas, o estudante foi liberado sem ter sido indiciado (acusado formalmente) pelo crime.
O principal motivo que levou a polícia a pedir que a Justiça decretasse a prisão temporária do estudante foi uma fita de vídeo entregue ao delegado que investiga o caso, Marcelo Damas. No vídeo, Ceará aparece afirmando, em tom de brincadeira, ser o assassino do calouro.
Edison Hsueh foi encontrado morto no dia 23 de fevereiro deste ano, na manhã seguinte ao churrasco de recepção dos calouros, na Associação Atlética Oswaldo Cruz, o clube dos alunos da Faculdade de Medicina da USP.
O delegado Damas justificou o não-indiciamento de Ceará por falta de provas que o ligassem à morte do calouro (leia abaixo).
Ceará foi posto em liberdade às 16h50, após ser ouvido como testemunha pelo delegado Marcelo Damas, no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no bairro da Luz (centro).
O depoimento do estudante foi acompanhado por seus advogados, José Roberto Batochio e Guilherme Batochio.
Na saída, Ceará negou que tenha tido participação na morte do calouro e afirmou que a declaração que fizera na gravação foi uma "brincadeira de mau gosto" (leia texto abaixo).
O rapaz permaneceu detido na mesma cela que havia sido ocupada pelo motoboy Franciso de Assis Pereira, o maníaco do parque.
Na fita, gravada no dia 20 de abril, na cervejaria Santa Cerva, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), Ceará aparece dizendo "eu sou o assassino do calouro da USP".
O advogado José Roberto Batochio disse que a prisão temporária por cinco dias de Ceará representou "uma violação ao direito de liberdade do rapaz".
"A nossa liberdade é muito importante para ficar nas mãos de pessoas que não manuseiam o instrumental jurídico com a devida cautela", afirmou o advogado.
Após deixar a prisão, Ceará foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para a realização de exame de corpo de delito rotineiro.
Ao chegar ao IML, Ceará foi recebido por pelo menos dez colegas que o abraçaram, gritando e chorando. Ele ficou menos de dez minutos no local e depois saiu de carro com os amigos.
Ceará disse que iria para o escritório de seu advogado e, depois, para o Incor, onde dá plantão na sexta-feira.


Colaborou Malu Gaspar, da Reportagem Local

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