|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MORTE DO COMERCIANTE
Polícias Federal e Civil fizeram indiciamentos; decisão sobre foro apropriado pode ir a tribunal
Disputa atrapalha investigação do caso Chan
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A disputa entre a Polícia Federal
e a Polícia Civil ameaça paralisar a
apuração da morte do comerciante sino-brasileiro Chan Kim
Chang. Cada instituição fez apurações e indiciamentos próprios.
Se a Justiça do Rio e a Justiça Federal acatarem as denúncias do
Ministério Público Estadual e do
Ministério Público Federal, a decisão sobre a quem cabe julgar os
acusados pela tortura e pela morte será de um tribunal superior.
Enquanto isso, os réus que já estão presos poderão ser soltos.
Uma pessoa não pode ser julgada pelo mesmo crime por tribunais diferentes em primeira instância. Quando há dois processos
sobre um mesmo crime, surge
um conflito de competência. A
questão pode ir ao TRF (Tribunal
Regional Federal), ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF
(Supremo Tribunal Federal).
Chan, 46, morreu no último dia
4, depois de uma semana hospitalizado por causa das torturas sofridas no presídio Ary Franco (zona norte). Ele havia sido preso em
26 de agosto, pela PF, quando tentava embarcar para os EUA com
US$ 31 mil não-declarados.
Depois da morte, a PF abriu inquérito. Na semana passada, o delegado Victor Poubel indiciou 12
acusados. O procurador da República Leonardo Freitas disse ontem que pode oferecer denúncia
ainda nesta semana contra aqueles que considerar responsáveis
pela morte do preso.
Anteontem, o Ministério Público Estadual também denunciou
12 pessoas. Até a conclusão desta
edição, a Justiça do Rio não havia
se manifestado sobre a denúncia.
O inquérito da Polícia Civil indiciou dez pessoas (sete agentes e
três presos) que supostamente teriam torturado o comerciante.
Seis agentes já estavam presos.
Outro preso foi indiciado por suposta fraude processual. O major
Luiz Matias, diretor do Ary Franco afastado após a morte de Chan,
foi denunciado por supostas
omissão e fraude processual.
Para o criminalista Ranieri Mazilli Neto, do escritório Evandro
Lins e Silva, o caso deveria ser de
atribuição da Justiça Estadual,
pois, até agora, não ficou evidenciada a participação de policiais
federais no crime.
"Se o juiz federal se considerar
incompetente para o caso, os autos seguirão para a Justiça do Estado", disse ele.
Os agentes penitenciários indiciados alegaram que Chan se machucou sozinho. A Folha não tinha conseguido falar com o advogados dos agentes, Michel Assef,
até a conclusão desta edição.
Texto Anterior: Saúde mental: Procurador pede apuração de cirurgias Próximo Texto: Crime organizado: Para polícia, "onda" de ataques do PCC previa apagão de luz e celular Índice
|