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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Detento teria confessado suposto plano

Para polícia, "onda" de ataques do PCC previa apagão de luz e celular

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capita) teriam cogitado, segundo a polícia, deflagrar uma "onda" de atentados que, em série, aconteceriam na virada de um domingo para segunda-feira em São Paulo.
Estariam na lista de possíveis ações: descarrilar vagões do metrô, sabotar torres de transmissão elétrica para causar um apagão na capital paulista, danificar torres de comunicação de celular para interromper o serviço em certas regiões e ameaçar explodir uma bomba no prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, para "paralisar seu funcionamento e causar tumulto no mercado financeiro".
Os detalhes do suposto plano estão em um relatório sigiloso da Secretaria da Administração Penitenciária, feito por um diretor de presídio a partir do depoimento de um detento.
Essas informações subsidiaram a investigação que há dois dias terminou com a prisão do advogado Mário Sérgio Mungioli, na saída do CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de SP).
Mungioli estaria agindo como mensageiro da organização, distribuindo ordens e recados entre os membros da cúpula de comando, em diversas prisões, segundo apuraram a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual. Em depoimento, ele negou a acusação.
Os ataques deveriam pressionar o governo estadual a negociar mudanças no sistema prisional, como o fim do regime de observação -isolamento de um mês ao qual é submetido o preso que entra no sistema- e afrouxamento das regras do regime disciplinar diferenciado, onde estão os principais líderes do PCC, com a possibilidade de recebimento de alimentos, visitas e acesso a rádios, entre outras coisas.
Ainda segundo a polícia, caso os ataques não surtissem o resultado esperado nos 15 dias seguintes à onda de atentados, a facção passaria a jogar bombas em "locais frequentados pela burguesia", afirma o relatório, citando nomes de restaurantes e de casas noturnas da capital paulista.
Por trás do plano estaria o assaltante Alexandre Francisco Sandorfy, 41, conhecido como X, que cumpre pena na Penitenciária de Avaré (262 km de SP). Sandorfy recebeu a visita de Mungioli no início de setembro.
O promotor Márcio Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), diz que, possivelmente, os alvos não seriam atacados ao mesmo tempo. "Creio que eram alternativas."
O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) investiga agora armas que teriam sido compradas pelo PCC -um lança-granada e dois fuzis AK-47-, como descreve um dos bilhetes apreendidos com Mungioli. Em outro, consta que a facção estaria comprando uma metralhadora "ponto 30".
Para evitar vazamento de informações, advogados ligados ao PCC estariam usando bilhetes para dar recados e receber ordens.


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