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CRIME ORGANIZADO
Detento teria confessado suposto plano
Para polícia, "onda" de ataques do PCC previa apagão de luz e celular
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Integrantes da facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da Capita) teriam cogitado, segundo a
polícia, deflagrar uma "onda" de
atentados que, em série, aconteceriam na virada de um domingo
para segunda-feira em São Paulo.
Estariam na lista de possíveis
ações: descarrilar vagões do metrô, sabotar torres de transmissão
elétrica para causar um apagão na
capital paulista, danificar torres
de comunicação de celular para
interromper o serviço em certas
regiões e ameaçar explodir uma
bomba no prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, para "paralisar
seu funcionamento e causar tumulto no mercado financeiro".
Os detalhes do suposto plano
estão em um relatório sigiloso da
Secretaria da Administração Penitenciária, feito por um diretor
de presídio a partir do depoimento de um detento.
Essas informações subsidiaram
a investigação que há dois dias
terminou com a prisão do advogado Mário Sérgio Mungioli, na
saída do CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente
Bernardes (589 km de SP).
Mungioli estaria agindo como
mensageiro da organização, distribuindo ordens e recados entre
os membros da cúpula de comando, em diversas prisões, segundo
apuraram a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual. Em depoimento, ele negou a acusação.
Os ataques deveriam pressionar
o governo estadual a negociar
mudanças no sistema prisional,
como o fim do regime de observação -isolamento de um mês ao
qual é submetido o preso que entra no sistema- e afrouxamento
das regras do regime disciplinar
diferenciado, onde estão os principais líderes do PCC, com a possibilidade de recebimento de alimentos, visitas e acesso a rádios,
entre outras coisas.
Ainda segundo a polícia, caso os
ataques não surtissem o resultado
esperado nos 15 dias seguintes à
onda de atentados, a facção passaria a jogar bombas em "locais frequentados pela burguesia", afirma o relatório, citando nomes de
restaurantes e de casas noturnas
da capital paulista.
Por trás do plano estaria o assaltante Alexandre Francisco Sandorfy, 41, conhecido como X, que
cumpre pena na Penitenciária de
Avaré (262 km de SP). Sandorfy
recebeu a visita de Mungioli no
início de setembro.
O promotor Márcio Sérgio
Christino, do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado), diz que, possivelmente, os alvos não seriam
atacados ao mesmo tempo.
"Creio que eram alternativas."
O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) investiga agora armas
que teriam sido compradas pelo
PCC -um lança-granada e dois
fuzis AK-47-, como descreve
um dos bilhetes apreendidos com
Mungioli. Em outro, consta que a
facção estaria comprando uma
metralhadora "ponto 30".
Para evitar vazamento de informações, advogados ligados ao
PCC estariam usando bilhetes para dar recados e receber ordens.
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