São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTES
Sistema usa capacidade máxima, chegando a ter sete usuários por metro quadrado; próxima linha só deve sair em 2004
Metrô de SP tem recorde de passageiros em outubro

João Wainer/Folha Imagem
Movimentação de passageiros na estação Sé do metrô, na véspera do feriado de Finados; movimento no mês passado foi recorde


MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O metrô de São Paulo teve movimento recorde em outubro. O sistema transportou, nos dias úteis, 2.500.133 pessoas, a maior média mensal desde abril de 1995, que foi de 2.507.398 usuários.
O crescimento do número de passageiros desde maio deste ano, não acompanhado do respectivo aumento na malha metroviária e na frota, faz com que o sistema trabalhe, nos horários de pico, com capacidade máxima.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo, que administra o metrô, e a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) creditam o aumento na demanda pelo metrô à diminuição dos índices de desemprego na cidade.
Segundo dados da Fundação Seade, comparando os meses de setembro de 99 e deste ano, há hoje 182 mil pessoas empregadas a mais na Grande São Paulo. Uma pesquisa realizada no ano passado pela Companhia do Metropolitano entre seus usuários revelou que 84% deles usam o metrô exclusivamente para ir ao trabalho.
Resultado, a lotação média de quatro pessoas por metro quadrado quase dobra nos horários de pico, chegando a sete usuários por metro quadrado, segundo o presidente do sindicato dos metroviários, Onofre Gonçalves Jesus. "As pessoas estão se amontoando, passam mal nos trens, e a dificuldade em fechar as portas atrasa ainda mais a jornada."
O conforto dos passageiros também preocupa a Companhia do Metropolitano, que afirma não ver outra solução, senão a expansão do sistema, estacionado nos 49,2 km de malha desde 98. É a pior relação entre rede e população nas cinco maiores cidades do mundo (leia texto nesta página).
"Usamos o projeto em sua plena capacidade, não consigo pôr mais trens porque o sistema não permite", diz o diretor de operação do metrô, Décio Tambelli. Hoje funcionam 45 trens por linha, segundo o sindicato.
O intervalo entre um trem e outro foi reduzido de 117 para 109 segundos -o limite, segundo Tambelli. Mas o tempo de espera numa estação de maior movimento, como a Sé, pode chegar a dez minutos, enquanto nas estações menores varia de dois a três minutos.
A próxima linha do metrô -a amarela, que vai ligar o bairro da Luz (centro) à Vila Sônia (zona sudoeste)- deve começar a operar em 2004, mas só com parte das estações funcionando. A obra faz parte do programa do governo do Estado para tentar equacionar o problema do transporte público em São Paulo (leia texto ao lado).
O metrô defende que 150 km de linha é o mínimo necessário para a cidade. Seria possível, então, transportar 7 milhões de usuários por dia (4,5 milhões a mais que hoje). O projeto inicial previa 140 km de malha metroviária.
De acordo com a companhia, o tamanho insuficiente da rede, aliado aos indicadores de desempenho do metrô, evidenciam um alto grau de utilização do sistema. Tambelli afirma que, se, por um lado, isso traz bom retorno ao investimento, coloca o sistema em condições severas de operação e manutenção. Foram gastos R$ 47 milhões no ano passado só na manutenção dos 109 trens.
Isso não impede, entretanto, que o metrô apresente falhas constantes, que prejudicam milhares de pessoas. Em setembro, um problema mecânico num trem da linha leste/oeste deixou 80 mil pessoas sem transporte. Nos primeiros dez dias de agosto, foram registradas seis falhas que resultaram em interferências superiores a três intervalos de trem.



Texto Anterior: Para vereador, há "contradição"
Próximo Texto: Estado tem programa para sistema
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.