São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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Militantes querem que cor seja declarada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA REPORTAGEM LOCAL

Para adoção das cotas nas universidades, o movimento negro defende que seja utilizado o mesmo critério do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): a autodefinição. No Censo, o pesquisador pergunta se a pessoa se considera negra, parda, branca, amarela ou indígena.
Segundo Ivanir dos Santos, presidente do Ceap (Centro de Articulação das Populações Marginalizadas), já haverá um motivo de "orgulho" para o movimento se muitos que hoje se consideram brancos ao responderem ao IBGE alterarem a definição.
"Hoje a gente luta pela nossa identidade. Se cada pessoa tirar aquele bisavô do armário para dizer que é negro, haverá motivo para orgulho do movimento. Caberá ao Estado determinar se ele é ou não", considera.
O funcionário público Clóvis Carvalho, 31, liderança do movimento Voz da Resistência, ligado ao PT de São Paulo, compartilha da opinião de Ivanir dos Santos. "Além disso, seria importante o governo Lula ter um negro ocupando cargo de primeiro escalão em Brasília", defende.
Carvalho é vestibulando e estuda nos cursinhos da Educafro. Ele chegou a cursar dois anos de Ciências Contábeis em uma universidade privada, mas teve de abandonar o curso porque não tinha dinheiro para pagar as mensalidades. "Hoje continuo estudando para entrar numa universidade pública", afirma.
Funcionário da Câmara Municipal de Embu, município administrado pelo PT, Carvalho busca, junto às lideranças do partido, aumentar a participação de negros no preenchimento dos cargos comissionados nos gabinetes dos parlamentares.
"Se não é fácil despertar a conscientização entre negros, imagine entre pessoas que não conhecem a causa profundamente", diz.


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