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SAÚDE
Grávida foi obrigada a tomar medicamento, chegou a ser aconselhada a abortar em hospital e tentou o suicídio
Mulher processa SP por laudo errado de HIV
EDMILSON ZANETTI
em São José do Rio Preto
A empregada doméstica Lucineia Batista Mateus, 27, prepara
ação de indenização contra o Estado de São Paulo por danos morais,
por ter sido tratada por quase um
ano como portadora do vírus HIV,
sem nunca ter sido soropositiva.
Ela acusa o Instituto Adolfo Lutz
de São José do Rio Preto (451 km a
noroeste de SP) de ter emitido
atestado errado, informando que
ela era portadora do vírus da Aids.
A advogada de Lucineia, Marisa
Bittar, 40, disse que espera resultado de exame psicológico para definir a extensão dos danos e apresentar os cálculos da indenização.
A história começou durante o
pré-natal de seu segundo filho, em
setembro do ano passado, em uma
Unidade Básica de Saúde. Exame
feito pelo Instituto Adolfo Lutz informava que ela tinha Aids.
Lucineia passou, então, a ser tratada no Serviço Ambulatorial Especializado, que cuida de 600 soropositivos ou doentes na cidade.
Ela diz que, por quase um ano,
sofreu os efeitos colaterais do
AZT, remédio contra o HIV, perdeu amigos, o emprego, tentou
abortar, quase abandonou o primeiro filho e chegou a tentar cometer suicídio. "Eu não passava a
mão na barriga, porque sentia raiva do bebê. Nem fiz enxoval, porque ele ia morrer mesmo."
A mulher disse que foi discriminada por amigos, familiares e até
no hospital onde teve o bebê. Segundo ela, uma auxiliar de enfermagem sugeriu que ela abortasse.
O hospital confirmou o episódio
(leia texto abaixo).
Lucas Wendel Mateus nasceu
prematuro de sete meses, em 13 de
abril, com 2,7 kg e 46 cm. O bebê
também tomou AZT, até que, aos
três meses, fosse confirmado que
não tinha o vírus, segundo disse a
mãe. Lucineia diz que nunca amamentou o filho no peito, com medo de transmitir o vírus.
No final de setembro deste ano, o
infectologista Nelson Lopes descobriu que Lucineia não tinha Aids,
ao pedir novo exame para verificar
sua quantidade de vírus.
A confirmação é do mesmo Instituto Adolfo Lutz, com data de 21
de setembro. Para se certificar, a
advogada Marisa Bittar pediu novo exame de um laboratório particular, que confirmou o erro de informação no primeiro exame.
Efeitos
Estudos dos últimos dez anos indicam que o uso do AZT não implica riscos materno-fetais. Segundo o infectologista Guido
Levy, diretor do Hospital Emílio
Ribas, muitas pessoas se queixam,
porém, de dor de cabeça e enjôos.
Do ponto de vista da toxicidade,
o AZT pode causar diminuição
dos glóbulos brancos e dos glóbulos vermelhos no sangue. As possíveis consequências são anemia,
tontura e taquicardia.
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