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ADOÇÃO
Mães que dizem ter perdido filhos arbitrariamente protestam
TJ decide na próxima semana se afasta juiz da infância de Jundiaí
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O presidente do TJ (Tribunal de
Justiça), Dirceu de Mello, afirmou
ontem que o tribunal vai decidir
na próxima semana se o juiz Luiz
Beethoven Giffoni Ferreira será
afastado da Vara da Infância e Juventude de Jundiaí (SP).
O pronunciamento foi feito por
causa do protesto de 15 mães que
afirmam terem perdido a guarda
dos filhos arbitrariamente. Elas
permaneceram ontem durante
quase sete horas em frente ao tribunal, com faixas e cartazes com
fotos das crianças.
Segundo Mello, o órgão especial
do TJ vai analisar as suspeitas sobre o procedimento de Beethoven
na destituição do pátrio poder e na
adoção por estrangeiros. A reportagem da Folha procurou o juiz,
mas ele não quis se manifestar sobre o assunto.
"O fato de o juiz ser afastado
não significa que as crianças serão
devolvidas. O afastamento é uma
decisão administrativa", afirma.
De acordo com Mello, cada mãe
terá que entrar com um processo
para recuperar a guarda do filho.
Se ficar entendido que houve irregularidade no processo de adoção
por estrangeiros, a Justiça brasileira terá de entrar em acordo com a
Justiça dos países para onde as
crianças foram mandadas.
A decisão do juiz revoltou as
mães, que saíram chorando da audiência. "Ele não escutou a nossa
história. O juiz não compreende a
dor de uma mãe ao ver seu filho
ser arrancado de seus braços e levado para outro país", afirma Vanessa Custódio Pereira, 18. Ela diz
que seu filho, Sheyviston, foi retirado do berço quando estava com
três meses. "Na época, eu tinha 14
anos, e eles falavam que eu não teria condições de criar o bebê."
O advogado de 55 mães de Jundiaí, Marco Antonio Colagrossi,
pediu ao presidente do TJ que suspendesse todas as adoções em Jundiaí por estrangeiros, já que Beethoven continua respondendo como o responsável pelas adoções.
"Depois das denúncias, ele diz
que já enviou mais de dez crianças
para o exterior. Isso coloca as
mães em pânico", afirma.
Segundo Mello, a adoção por estrangeiros está prevista em lei e o
TJ não tem poder para proibir as
transferências de crianças para o
exterior. "O processo entre os
países é delicado. Há casos de
mães que estão esperando há dois
anos a volta dos filhos."
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