São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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CASO DINIZ
Presos entram no 18º dia de greve de fome; eles querem a expulsão dos estrangeiros e indulto ao brasileiro
Calheiros visita sequestradores hoje no HC

da Reportagem Local

O ministro da Justiça, Renan Calheiros, visita hoje os sequestradores do empresário Abílio Diniz, que entram no 18º dia em greve de fome. Esta greve já é mais longa que a anterior, em abril, de 16 dias.
Calheiros, que defende a progressão penal para os sequestradores (do regime fechado para semi-aberto, em que apenas dormem na prisão), conversará com eles no Hospital das Clínicas, onde estão internados.
A visita do ministro acontece num momento de impasse entre os sequestradores e o governo, já que as soluções por via judicial e parlamentar não devem ocorrer a tempo de garantir que saiam da greve de fome com vida.
As reivindicações dos presos para que a greve acabe são a expulsão dos sete estrangeiros e indulto ao brasileiro, medidas que só o presidente da República pode tomar.
A transferência dos dois sequestradores canadenses, outra das reivindicações, já foi atendida.
"Estamos muito preocupados com a saúde deles e queremos uma solução rápida. Os queremos de volta ao Chile, mas com vida", disse o embaixador chileno no Brasil, Juan Martabi, que visitou ontem o grupo. Cinco dos sequestradores são chilenos.
O embaixador afirmou que o governo chileno está avaliando a situação para definir que atitudes tomar. Para terça-feira está prevista uma visita do presidente chileno, Eduardo Frei, ao Brasil.
Até anteontem, quando o pedido de redução das penas seria julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, tanto o governo brasileiro quanto os diplomatas esperavam que o resultado do julgamento ajudasse a resolver a situação.
A diminuição das condenações poderia criar um ambiente favorável aos sequestradores no meio judiciário, mas a sessão foi adiada. O julgamento deve ser retomado no dia 15, e quatro pedidos de regime semi-aberto já foram negados.
"Tínhamos a esperança de que a solução viesse da Justiça, mas isso não ocorreu. Os tratados de transferência não foram aprovados, e essas coisas demoram. Queremos uma solução rápida", disse o embaixador chileno.
Até agora, os presos, que só tomam água, já apresentaram queda nos níveis de potássio, sódio e glicose no sangue e estão tendo um monitoramento constante da frequência cardíaca. A queda acentuada na quantidade de potássio pode causar uma parada cardíaca. Até anteontem, as taxas de potássio dos presos Humberto Paz, Sergio Urtubia e Hector Tapia variavam de 2,90 meq/l a 3,2 meq/l. O normal é que o nível fique entre 3,5 meq/l a a 5meq/l.
Para o clínico-geral Abrão Cury, do Hospital do Coração, nessa situação, uma parada cardíaca pode ocorrer a qualquer momento.



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