São Paulo, domingo, 4 de janeiro de 1998.



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Opinião é do comandante-geral da PM
Não falta PM na periferia, diz coronel

da Reportagem Local

Contra todas as evidências, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto de Camargo, defende que não faltam policiais na periferia de São Paulo.
"Tem só policial e igreja evangélica na periferia. O que falta é Estado. O Estado precisa ter uma embaixada na periferia", diz. Estado, segundo ele, em forma de escola, saneamento básico e lazer.
Camargo faz um raciocínio complexo para defender a presença da polícia nos bairros de classe média, onde acontecem a maioria dos crimes contra o patrimônio.
Essa lógica não segue nenhuma perversão, diz. "A polícia não privilegia os ricos, os crimes contra o patrimônio. É que esse tipo de crime pode ser prevenido com a presença de policiais e o homicídio, não. É por isso que não há necessidade de um grande número de policiais na periferia".
Homicídio, segundo Camargo, decorre de uma cultura que banalizou a violência porque não há outros valores a serem cultuados ali. Essa cultura só pode ser alterada com educação, seja ela formal ou informal.
Números obtidos pela Folha confirmam a impressão de que a periferia é a região menos protegida pela polícia. Enquanto na região central há um policial para 187 habitantes (veja quadro), na zona sul, a mais violenta em termos de homicídios, há um PM para 902 moradores.
A proporção só não é pior do que na zona leste, a segunda mais violenta em número de mortos. Há um policial para 1.226 habitantes.
Não há unanimidade no comando da Polícia Militar sobre a justeza desses números. O comandante-geral acha que eles estão corretos porque a região central é a mais visada e porque passa por ela uma população flutuante que oscila entre 4 e 5 milhões de pessoas.
Já o comandante da PM na Grande São Paulo, coronel Valdir Suzano, diz que há um déficit de policiais na periferia porque ela tem um crescimento populacional acima das outras regiões da cidade que não era esperado. (MCC)



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