São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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Norte e Nordeste concentram as rotas da exploração

DA REDAÇÃO

DA AGÊNCIA FOLHA

O ministro Márcio Thomaz Bastos encontrará casos de prostituição em todas as regiões do Brasil, mas o Norte e o Nordeste têm exploração mais intensa.
Pesquisa publicada em junho de 2002 revelou que essas regiões concentram 145 rotas, internacionais e nacionais, identificadas.
A Pestraf (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual), feita por ONGs com base em estudo piloto da Organização dos Estados Americanos (OEA), apontou as rotas já identificadas para traficar crianças e jovens brasileiras para o mercado de prostituição dentro e fora do país.
A Espanha é o principal destino (32 rotas), seguida de Holanda (11), Venezuela (dez) e Itália (nove). No Brasil, o fluxo costuma ser do interior para capitais ou cidades próximas a países vizinhos.
A região Norte tem o maior número de rotas: 76. Em seguida aparecem Nordeste (69), Sudeste (35), Centro-Oeste (33) e Sul (28).
A Pestraf identificou o uso de pelo menos 14 rodovias federais no tráfico de menores e adultas para a prostituição. Essas rodovias têm hotéis e bares de beira de estrada, considerados "pontos facilitadores" de prostituição, e geram, com a circulação intensa de caminhoneiros, demanda própria de mulheres para esse fim.
Uma das rotas identificadas no ano passado na região Norte era entre Manaus e Boa Vista (RR). Meninas de 12 a 17 anos eram aliciadas em Manaus e levadas para Boa Vista com a promessa de emprego como garçonete ou programas com custo inicial de R$ 100. A seguir, eram levadas para boates da Venezuela e da Guiana, onde o programa ultrapassaria US$ 300.
No Nordeste, a "rota de Patos" foi descoberta em abril de 2002. Ela liga Patos (PB), Campina Grande (PB), João Pessoa (PB) e Natal (RN). Muitas garotas diziam que se prostituíam por curiosidade e para comprar roupas.
O aumento no número de casos fez com que Fortaleza criasse uma campanha para combater o turismo sexual e a exploração de menores. Uma CPI e folhetos distribuídos aos turistas pelo Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) iniciaram em setembro de 2001 a tentativa de coibir a prática.
A capital cearense era então a terceira em número de casos, atrás só do Rio e de São Paulo.
A iniciativa surgiu um mês depois de seis turistas portugueses terem sido mortos na cidade. Para atrair o grupo para uma barraca na praia, no dia 12 de agosto, o português Luís Miguel Melitão Guerreiro, que planejou o crime, afirmou ter dito ao grupo que no local haveria garotas de programa. O objetivo era matar e depois roubar os portugueses.
No Sudeste, por exemplo, as cidades litorâneas também tentam combater o problema. Santos criou um centro com cursos profissionalizantes para tentar tirar as prostitutas das ruas.
Para este verão, a Polícia Civil e o Conselho Tutelar adotaram blitze em ruas e casas noturnas do litoral norte de São Paulo, que recebe até 400 mil turistas por semana. A idéia é inibir a prostituição infantil, em especial no trecho urbano da rodovia Rio-Santos, entre São Sebastião e Caraguatatuba, onde, segundo denúncias, garotas se prostituem até por R$ 5.



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