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Norte e Nordeste concentram as rotas da exploração
DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA
O ministro Márcio Thomaz
Bastos encontrará casos de prostituição em todas as regiões do Brasil, mas o Norte e o Nordeste têm
exploração mais intensa.
Pesquisa publicada em junho de
2002 revelou que essas regiões
concentram 145 rotas, internacionais e nacionais, identificadas.
A Pestraf (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração
Sexual), feita por ONGs com base
em estudo piloto da Organização
dos Estados Americanos (OEA),
apontou as rotas já identificadas
para traficar crianças e jovens
brasileiras para o mercado de
prostituição dentro e fora do país.
A Espanha é o principal destino
(32 rotas), seguida de Holanda
(11), Venezuela (dez) e Itália (nove). No Brasil, o fluxo costuma ser
do interior para capitais ou cidades próximas a países vizinhos.
A região Norte tem o maior número de rotas: 76. Em seguida
aparecem Nordeste (69), Sudeste
(35), Centro-Oeste (33) e Sul (28).
A Pestraf identificou o uso de
pelo menos 14 rodovias federais
no tráfico de menores e adultas
para a prostituição. Essas rodovias têm hotéis e bares de beira de
estrada, considerados "pontos facilitadores" de prostituição, e geram, com a circulação intensa de
caminhoneiros, demanda própria
de mulheres para esse fim.
Uma das rotas identificadas no
ano passado na região Norte era
entre Manaus e Boa Vista (RR).
Meninas de 12 a 17 anos eram aliciadas em Manaus e levadas para
Boa Vista com a promessa de emprego como garçonete ou programas com custo inicial de R$ 100. A
seguir, eram levadas para boates
da Venezuela e da Guiana, onde o
programa ultrapassaria US$ 300.
No Nordeste, a "rota de Patos"
foi descoberta em abril de 2002.
Ela liga Patos (PB), Campina
Grande (PB), João Pessoa (PB) e
Natal (RN). Muitas garotas diziam que se prostituíam por curiosidade e para comprar roupas.
O aumento no número de casos
fez com que Fortaleza criasse uma
campanha para combater o turismo sexual e a exploração de menores. Uma CPI e folhetos distribuídos aos turistas pelo Embratur
(Instituto Brasileiro de Turismo)
iniciaram em setembro de 2001 a
tentativa de coibir a prática.
A capital cearense era então a
terceira em número de casos,
atrás só do Rio e de São Paulo.
A iniciativa surgiu um mês depois de seis turistas portugueses
terem sido mortos na cidade. Para
atrair o grupo para uma barraca
na praia, no dia 12 de agosto, o
português Luís Miguel Melitão
Guerreiro, que planejou o crime,
afirmou ter dito ao grupo que no
local haveria garotas de programa. O objetivo era matar e depois
roubar os portugueses.
No Sudeste, por exemplo, as cidades litorâneas também tentam
combater o problema. Santos
criou um centro com cursos profissionalizantes para tentar tirar
as prostitutas das ruas.
Para este verão, a Polícia Civil e
o Conselho Tutelar adotaram blitze em ruas e casas noturnas do litoral norte de São Paulo, que recebe até 400 mil turistas por semana. A idéia é inibir a prostituição
infantil, em especial no trecho urbano da rodovia Rio-Santos, entre São Sebastião e Caraguatatuba, onde, segundo denúncias, garotas se prostituem até por R$ 5.
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