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"Queria ser professor", diz detento
DA REPORTAGEM LOCAL
Desempregado, 31 anos, branco, solteiro, pai de duas meninas,
M.P. decidiu pela segunda vez recorrer ao crime para garantir o
próprio sustento e o da família:
Há cinco meses ele tentou roubar
uma estação de trem na periferia
da zona leste da capital.
"Todo mundo tem de achar um
meio de conseguir alguma coisa",
diz ele. M. sobrevivia de bicos.
"Faço qualquer coisa, mas até isso
está difícil de encontrar", diz.
O fato é que os planos de M. deram duplamente errado: a polícia
chegou em tempo de evitar o assalto e ele ainda sofreu uma fratura exposta na perna.
Resultado: está há quase cinco
meses em uma maca do hospital
da Penitenciária do Estado,
aguardando assistência médica e
uma audiência judicial. Ele diz
que ainda não foi condenado nem
pelo primeiro assalto.
"Os processos são lentos", diz
ele. Até cometer a segunda e última tentativa de assalto, M. estava
em liberdade.
M. destoa um pouco das estatísticas que indicam a baixa escolaridade dos presos porque completou o ensino médio. Falando um
português correto e praticamente
sem gírias, uma raridade na cadeia, ele diz que gostaria de ter
cursado uma faculdade.
"Queria ser professor, mas nunca tive a menor condição financeira nem de pensar em fazer faculdade", diz.
M. passa os dias rezando. "Só
Deus vai me ajudar a sair daqui
inteiro. Isso aqui é um inferno."
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