São Paulo, domingo, 04 de março de 2001 |
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Distrito guarda 800 celulares
DA REPORTAGEM LOCAL A polícia apreendeu um telefone celular por dia nos últimos dois anos no interior da Casa de Detenção e da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo. Esse montante, de cerca de 800 aparelhos, está guardado hoje em caixas de papelão no 9º DP (Carandiru), onde são registradas as ocorrências das duas prisões. Telefones desse tipo ajudaram o PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a própria Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, na organização da megarrebelião que parou 29 unidades no último dia 18. O principal problema da polícia para coibir a entrada de celulares nas prisões é que não há crime previsto em lei. "Há apenas a violação de uma norma interna, mas não existe crime sem lei que o defina antes", diz o delegado do 9º DP, Nathan Rosemblat. Isso quer dizer que o dentista Ítalo Mustaro, 66, surpreendido no final de janeiro com oito celulares e dez carregadores em sua pasta, na Casa de Detenção, não cometeu crime. Cada aparelho tinha uma fita colada, constando apelido e pavilhão do preso. O funcionário da Detenção acabou indiciado por receptação, segundo a polícia, porque um dos celulares havia sido furtado. Caso contrário, responderia apenas a uma sindicância administrativa na Corregedoria dos presídios. Mustaro, que trabalha há 18 anos no sistema carcerário paulista e tratou de dentes de famosos, como os de Hosmany Ramos e Lindomar Castilho, disse à polícia que não sabia dos celulares. Em depoimento, ele contou que havia recebido a pasta de um desconhecido na banca de jornal que fica perto do presídio. Esse homem teria pedido a ele que levasse a mala para outro funcionário. Segundo o juiz-corregedor dos presídios de São Paulo, Otávio Augusto Machado de Barros Filho, existiria crime se fosse provada a relação entre o celular, a pessoa que o levou e uma fuga, por exemplo. "Na maioria dos casos, você não tem o elo seguinte da corrente para fechar", diz. (AS) Texto Anterior: De celular a cela, tudo tem preço no presídio Próximo Texto: "O negócio aqui vem em mãos" Índice |
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