São Paulo, domingo, 04 de março de 2001

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Hospital oferece novo diagnóstico

DA REPORTAGEM LOCAL

Os hospitais Sírio-Libanês e Israelita Albert Einstein, dois dos melhores de São Paulo, criaram, há poucos anos, um serviço especializado em segunda opinião para diagnósticos de câncer.
A escolha de um serviço voltado só para o câncer é compreensível. É uma doença grave, de grande impacto sobre a vida do paciente, e suas chances de cura são diretamente proporcionais ao acerto no tratamento desde o início.
"O tratamento de muitas formas de câncer é complexo. As condutas têm mudado bastante, em alguns casos, o que era verdade há três anos não é mais, e tanto o paciente quanto o médico têm o direito de ficarem inseguros", diz Raul Cutait, diretor do Centro de Oncologia do Sírio-Libanês.
Os serviços permitem que um paciente de outro hospital, cidade ou Estado leve seus exames para que seja feita uma segunda análise. Um familiar do doente também pode solicitar o estudo.
No Albert Einstein, os casos são discutidos por uma equipe de especialistas (cirurgião, oncologista, radioterapeuta, patologista e quimioterapeuta) das clínicas integradas em oncologia. Ao final da análise, é fornecido um laudo com o diagnóstico.
"A pessoa marca uma consulta com um de nossos oncologistas e, dependendo da complexidade do caso, recebe o diagnóstico no mesmo dia ou, no máximo, em 72 horas", afirma Yana Novis, coordenadora da área de oncologia.

Revisão de colegas
No Sírio-Libanês, além do paciente e seus familiares poderem solicitar uma segunda opinião, o médico de referência também pode pedir a revisão dos colegas. Neste caso, o especialista leva o quadro para discussão da equipe. Existe ainda a opção de pedir orientação internacional.
O hospital fez uma parceria com o Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, de Nova York, um dos centros referência no mundo da doença. Por meio de teleconferência, o caso é discutido com os especialistas americanos.
No entanto, só é fornecido um documento com o diagnóstico quando houver participação internacional no laudo.

Eletrocardiograma
O Incor (Instituto do Coração) oferece o serviço de segunda opinião para eletrocardiogramas há dez anos. Médicos de outros hospitais podem enviar por fax os exames de seus pacientes.
Há seis meses, o hospital inaugurou serviço que permite a segunda opinião com base na análise de exames enviados via Internet, ao custo de cerca de R$ 8.
Sem uma orientação adequada sobre seu problema de saúde, a dona-de-casa Neide Barriguelli, 57, por pouco não chegou ao quadro de falência renal. "Se não tivesse procurado um outro médico teria morrido." Há 20 anos, ela sofre de nefrite, doença crônica caracterizada pela inflamação dos rins. Em 1986, ela tomava 25 medicamentos e não melhorava.
"Estava inchada, andava com dificuldade, mas o médico dizia que era assim mesmo. Um dia, vi uma entrevista de outro especialista na televisão e resolvi procurá-lo. Foi a minha sorte. Meu rim estava parando. E eu, morrendo", afirma. "O médico ficou espantado com o quadro e me encaminhou direto para a diálise (processo para filtragem da urina). Essa mudança de médico e de conduta foi a minha salvação."


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