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Autor da pesquisa diz que estudo é "lupa' do que foi a violência em todo Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Autor do "Mapa da Violência
dos Municípios Brasileiros", o
sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, 68, admite que
seu estudo, uma "lupa" do que
foi a violência nos 5.560 municípios brasileiros existentes entre 2002 e 2004, tem pequenas
distorções, mas que sua maior
preocupação era chamar a
atenção para a canalização de
políticas públicas de segurança.
Waiselfisz acredita que a ordenação de 10% (560) das
5.560 cidades do Brasil em uma
lista como aquelas em que mais
se matou, proporcionalmente à
população dividida por um índice médio de 100 mil habitantes, é um instrumento para que
a Segurança Pública nos Estados seja tratada de maneira focalizada, principalmente nas
áreas mais violentas apontadas
por seu mapeamento.
Certidão de óbito
O sociólogo esclarece também que toda a sua base de dados ignorou registros policiais
das mortes violentas e priorizou dados obtidos nas certidões de óbitos.
"Priorizamos a questão da
agressão intencional, que pode
ser latrocínio [roubo seguido
de morte], por exemplo, tem
que ter intenção de matar [para
figurar na pesquisa dele]", diz o
sociólogo, que trabalha com parâmetros internacionais, propagados pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Somente com a tipificação da
violência feita com os dados obtidos na área da Saúde é possível obter uma comparação entre o Brasil e os demais países.
"A polícia de São Paulo trabalha com os dados dos boletins
de ocorrência, assim como começa a fazer agora o Ministério
da Justiça. Cada Estado do Brasil tem um método diferente de
registrar os dados. Se quero trabalhar com as mortes de jovens
de 15 a 24 anos, por exemplo,
não tenho esses dados no Ministério da Justiça", continua.
Termômetro
Waiselfisz, que reconhece a
eficiência do sistema de classificação da violência de São Paulo, o Infocrim (base de dados
com informações criminais
mantida pela Secretaria de Segurança), classifica o seu estudo recém divulgado como um
"termômetro" da violência.
"O meu mapa da violência é
um termômetro, não é um
diagnóstico. Você não vai encontrar na minha parte porque
está acontecendo isso [a violência]. Eu botei um termômetro e
mostrei onde tem febre. Pela
tarja do termômetro, não sei se
é um simples resfriado ou se
um problema estrutural do coração, não sei. Mostra apenas a
linha do problema", afirma.
"Incidente esporádico"
Para explicar porque Borá
(481 km de SP) foi a 6ª cidade
do Brasil onde mais se matou
com arma de fogo, entre 2002 e
2004, Waiselfisz cita os casos
dos "incidentes esporádicos".
No ranking geral das 556 mais
violentas, mesmo com apenas
838 moradores, a cidade ficou
na posição n.º 259.
"Houve municípios com taxas extremamente elevadas,
tendo registrado somente um
incidente nos três anos considerados. São municípios cuja
base populacional muito estreita tem enorme impacto nos
índices. Apesar disso, a lei brasileira não diz a partir de quantas mortes uma cidade precisa
tomar medidas para combater
o problema", finaliza.
(AC)
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